Foto: Arquivo Pessoal
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Sempre bom ler você aqui.
Bom saber que na rota em que estamos, dos quase 80, você permanece firme e forte.
Farei 75 em dezembro, amigo.
Estou bem.
“Nos conformes da idade”, como diz o doutor que me atende e cuida.
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Ao menos, nesse ponto, não há o que reclamar.
Toc. Toc. Toc.
Bato na madeira três vezes, bem ao estilo do nosso mestre Valtinho Cazuza, lá dos tempos de infância nos folguedos da rua Muniz de Souza, no Cambuci.
Lembra-se dele?
Era um tanto mais vivido que nós. E usava e abusava de expressões ora marrentas ora debochadas que nos divertia a valer e, quase a tudo, definia.
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Ainda hoje, meu amigo, quando a vida me surpreende, deixo escapar a controversa interjeição:
“Ai, minha Santa Catarina! Mas, é, hein!”.
Aprendi com Valtinho Cazuza, e não sei bem o que quer dizer – o que a santa tem a ver com nossos barulhos e ruídos -, também me parece que fala por si e é uma boa forma de se clamar pela intervenção divina para ‘o sem jeito’ que se apresenta.
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Amigo Nestor.
Curioso tivemos quase a mesma conversa – também por e-mail e post/crônica – em junho de 2020 bem em meio à tragédia da pandemia (Conversa com o amigo Nestor) e, afora a devastadora doença que ainda anda por aí, mas não em números tão alarmantes (toc, toc, toc) dá para dizer que já fazíamos, em nossas observações, um prenúncio do que hoje vivemos.
Permita-me dar um repeteco ao que lhe disse então:
“Sobre a ameaça à democracia, o que posso lhe dizer? Anda à solta. Um risco iminente. Aliás, essa descontrução, creia, vem de antes da malsinada pandemia. Bem antes…Tomou forma, contorno e olivas cores gradativamente. Foi se aprochegando. Com muitos dos nossos, creia também, aplaudindo e saudando a ideia. Parece que existem dois ou muitos brasis.”
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Como diz você na mensagem de ontem (Nestor e as coisas do Brasil), “parece que nada mudou”.
Diria que os múltiplos “brasis”, ao qual você se refere, andam cada vez mais antagônicos.
Falam a mesma língua, mas não se entendem.
Vai daí que também partilho da sua estranheza.
Você aí na Bélgica e eu por aqui, ora em Bernô City ora em São José do Barreiro, dividimos o mesmo espanto.
Nas suas palavras:
“Estranha e contraditoriamente, vem-me a sensação de que nunca entenderei o Brasil e a gente brasileira.
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Como vê o tal lugar de fala perde sua valência.
Tanto que o que vou lhe dizer a seguir você já deve imaginar.
Caiu como uma ‘‘bomba’’ a deflagração da ‘guerra’ econômica e política de Donald Trump e o governo americano contra o Brasil, contra o presidente Lula e contra às instituições brasileiras.
Mas, isso, creio, o mundo todo repercute.
Duro acreditar que tem gente brazuca, nos Estados Unidos e aqui, a conspirar contra os interesses pátrios.
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Duro acreditar, mas não improvável pelos abjetos objetivos que esses tais e quais proclamam desde sempre. Ainda ontem um deputado de nome Delegado Caveira levantou uma bandeira favorável a Donald Trump em plena sessão do Congresso Nacional.
Diz: dá pra entender daí?
Porque por aqui me sobram questionamentos a partir da alcunha do dito-cujo.
Como alguém em sã consciência vota em alguém para representá-lo no Congresso com o beligerante nome: Delegado Caveira?
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Enfim…
É o Brasil que temos – e não o que almejamos.
O Brasil que queríamos uma nação contemporânea, solidária, democrática e com justiça social – esse Brasilzão ainda é uma quimera dos sonhadores.
Mas, creia, permanece latente em nossos ideais.
É isso.
Me alonguei na resposta – e desconfio pouco lhe acrescentei.
(E olhe que nem sequer lhe falei sobre o nefasto Centrão das emendas biliardárias.)
Paz e Bem, amigo.
Sigamos na fé e na esperança.
Abraçaço.
Rodolfo
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TRILHA SONORA
“Meu caro amigo eu não pretendo provocar
Nem atiçar suas saudades
Mas acontece que não posso me furtar
A lhe contar as novidade”
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O que você acha?