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Entre o PC e a Olivetti, as lembranças

Deu virus no computador… ndfwureureureh bryewuewie uncnue. Não é possível. Vou tentar reiniciar… Ufa! Parece que agora vai… Às vezes, tenho uma baita saudade do tempo de máquina de escrever. Que meus alunos de Jornalismo não me leiam, mas sou do tempo da velha Olivetti… Toc, toc, toc… Toc, toc, toc… Os jornalistas não ficavam como hoje ficam — tensos, enrijecidos, cabeça baixa, curvados sobre o computador. Na verdade, em alguns momentos, a gente não é capaz de identificar aonde termina o PC e começa o homem, e vice-versa…

O jornalista dos velhos e bons tempos, permita-me um pouco de saudosismo, datilografava olhando para o alto. Parecia que buscava concatenar palavras e pensamentos na mais alta das inspirações, no mais elevado dos ideais. De quebra, o pé alto e os janelões sempre abertos das redações favoreciam essas viagens com os pés no chão e os dedos no teclado… Toc, toc, toc.. Toc, toc, toc… Cada um tinha lá sua cadência ao imaginar a sinfonia inacabada para um mundo melhor. Era um verdadeiro festival…

Toc, toc, toc…. Toc, toc, toc… Havia uma desvantagem, confesso. Nunca poderíamos culpar a máquina por ter sumido com nosso texto. Quando, depois de um árduo trabalho, esquecíamos as laudas (à essa época, os jornalistas escreviam em papéis padronizados de 20 linhas) em lugar incerto e não sabido, a culpa era da nossa distração ou cansaço, da pressa em ir embora, do adiantado da hora, de alguma saudade inconfessável ou qualquer coisa do tipo. Hoje a culpa é sempre do computador, inapelavelmente. Cometo outra indiscrição. Vou revelar um segredo. Quase sempre o sumiço das laudas tinha o endereço certo do cesto do lixo junto a outros tantos papéis sem utilidade que nós, jornalistas, acumulávamos sobre a mesa. E num determinado dia, meio que na louca, nos livrávamos deles.

No rompante, o texto recém-terminado ia junto. Não sei dizer se aqueles tempos eram melhores ou piores. Sei apenas que eram diferentes, tocados a um romantismo que hoje em dia é sentimento em extinção. Recordá-los, como agora faço, me traz uma infinita e doce saudade dos amigos que se foram: Marcão, Jofre, AC, Da Bahia, Clamic, Rui, Nasci, lsmael, Made… Antes que o computador (ou eu) tenha outro chilique, registro essa modesta homenagem a eles e a tantos outros que construíram a história de Gazeta do Ipiranga que amanhã completa 45 anos de vida… Os que aqui ficam continuam a jornada. Nem sempre ganhando, nem sempre perdendo, mas aprendendo sempre… Talvez o grande ensinamento que nos legaram foi o de entender o Ipiranga. Aqui, não se diz adeus. Quando muito nos despedirmos dizendo: até breve.