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Escova e as redes sociais

Tenho conversado com os amigos Escova e Poeta sobre a eficácia dessas modernidades – tipo facebbok, twitter, instagram, whatsapp, ‘torpedos’ e que tais –para figuras que insistem em continuar na lida, pois somos – corpo, alma e ideinhas – do século passado.

Particularmente, eu penso que não combina com as paradinhas que a®mamos.

Lembro a eles, sempre que posso, a máxima do grande Rubem Braga.

“Sou do tempo em que o telefone era preto e a geladeira era branca”.

Simples assim.

Simples e direto.

Jamais você iria encontrar alguém querendo comprar um telefone na cor pink aberração, com injeção eletrônica. Menos ainda procuraríamos uma Brastemp com computador a estibordo.

Hoje é mais ou menos isso o que se vê.

II.

Via de regra (que é uma expressão do nosso tempo), os amigos concordam com minhas ponderações, embora o Poeta adore ‘poetar’ no face e o Escova, lá daquele jeito dele, acha que é Fernando Pessoa e diz que tudo vale à pena se o xaveco não é pequeno.

Escova, só para reavivar a lembrança do caríssimo leitor, é famoso Dom Juan das Quebradas do Sacomã, de tantas histórias e aventuras aqui postadas neste modesto blog.

III.

Pois então…

Logo pela manhã encontro o amigo Escova com a expressão de quem mal dormiu. Amarfanhado e dasalentado.

Tento reanimá-lo, e logo pergunto se tal estado é resultado de uma incandescente comemoração da noite do Dia dos namorados.

– Antes fosse, diz o amigo.

E se põe a relatar o que lhe ocorreu.

IV.

Como não é homem de embicar o 12 de junho na fissura – e devido a alguns vácuos que lhe deram – tentou uma louca ação, via novas tecnologias, lá pelas 21 horas.

Sacou da agenda do celular os números de três de queridas amigas, conhecidas de priscas eras, e lançou os torpedos ávido por um remember.

Vejam o que lhe aconteceu…

V.

Duas sequer lhe deram a devolutiva.

Só lá pelas três da matina chegou finalmente a única resposta.

Ele mal se conteve de felicidade quando ouviu o soar do alerta.

Chegou até a agradecer Santo Antônio, o casamenteiro [apesar de que a palavra para Escova soe como ofensa], pois já era madrugada do dia 13.

Chegou a agradecer a ajuda pela feliz ideia que ele próprio tivera.

VI.

O texto era breve:

“Desculpe, quem é? Não tenho o número de seu celular”.

VII.

Escova, o grande, o Dom Juan, o destemido, desacreditou.

Como não desacreditar?

Duas delas simplesmente o ignoraram, a terceira apagou seu nome da agenda.

Resumo da ópera: as três riscaram seu nome do mapa, do bloco de anotações, das redes sociais e de suas vidas.

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