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Família que vota unida…

Já lhes contei aqui sobre o dia em que um velho amigo encontrou-me por acaso em frente ao prédio onde minha mãe mora e apresentou-me ao prefeito de São Bernardo. Ambos cabalavam votos para o candidato a prefeito da cidade que, de resto, não era nenhum dos dois e nem sei se estava no local.

Foi antes da votação do primeiro turno.O texto em questão chama-se “Beco Sem Saída”, postado em 20 de setembro. Quem quiser pode conferir.

Pois é…

Meus caríssimos e fiéis cinco ou seis leitores não sabem o que hoje me aconteceu. Não sabem quem me ligou. O presidente da República. Ele mesmo, o próprio. Luiz Inácio Lula da Silva.

É verdade.

O telefone tocou.

Quando atendi, não tive sequer tempo de dizer “alô”. Do outro lado, reconheci a inconfundível voz:

— Companheiro…

Ô loco, meu! – exclamei no estilo daquele conhecido apresentador.

O homem continuou. Nem respondeu o “alô” que lhe respondi. Já embalou o discurso:

— Não venho lhe falar hoje como presidente da República – e, sim, como morador que também sou de São Bernardo…

Tremi na base. Além dos jovens larápios que levaram meu carro nesta semana, outras dúvidas me assaltaram. Transcendentais, diga-se.

Como meu número foi parar na agenda presidencial?

Será que o telefone de casa também anda grampeado?

Estarei eu na mira da Polícia Federal?

E a voz lá firme e forte e rouca. Absolutamente distante dos meus questionamentos.

— Quero pedir seu voto para outro companheiro…

Se eu contasse, ninguém acreditaria. Sei que o amigo lá de Brasília gosta de falar. Estava o falatório, portanto, longe dos “finalmentes”. Por isso, estendi o telefone para que todos os meus familiares vivenciassem esse momento inaudito. Até o nosso papagaio teve a honra de ouvir o apelo do presidente.

— Votem no 13, o companheiro…

Não posso negar que ficamos todos vivamente sensibilizados com a deferência. Até votaríamos no nome indicado, mesmo sendo este concorrente do outro, o 45, que me foi sugerido pelo prefeito e o amigo naquele encontro fortuito. Aliás, para ser sincero, a família não votará em nenhum dos dois. Pelo simples motivo que ainda votamos em São Paulo capital, pois não transferimos nossos títulos. Sabem como é? Família que vota unida…

Outro detalhe também me deixou grilado, permitam-me a gíria: o comentário do Filósofo, nome do papagaio que temos em casa. Ele foi o último a ouvir o presidente – e não mostrou grande entusiasmo.

Disse simplesmente:

— Currupaco, currupaco. Isso me parece uma gravação…