Inevitável.
Palmeiras fora do Campeonato Paulista (nem Paulistinha, nem Paulistão) e cá estou, desde domingo à noite, às voltas com as intermináveis zoeiras dos amigos.
Chega mesmo a lembrar meu tempo de garoto sardento – e, desde sempre, apaixonado por futebol -, lá nos campinhos de terra batida no bairro operário do Cambuci.
Eram bate-bocas divertidos que acabavam no exato instante em que chegava a bola de capotão e o rachão tinha início e só terminava ao escurecer do dia.
…
Hoje, em tom de provocação, os malandros só querem me sacanear.
Perguntam, riso debochado no rosto, se fui ao jogo.
Sabem que sim.
Raramente perco uma partida no Allianz Parque.
…
Perguntam mais:
“Sofreu muito?”
E, na maldade camarada, se fazem cheios de preocupação:
“Cuidado com o coração, hein!”
…
Respondo que não chega a ser um sofrimento.
Mas, quando o time não vai bem, a gente se aborrece, fica casmurro, murcho, desabado, extravasa contra tudo e contra todos.
Doer-doer, não dói.
A não ser que falte um sei lá o quê na vida do Batuta travestido de torcedor, e o tal resolva buscar compensação no esporte.
O que, desconfio, não seja assim tão raro de acontecer nesses dias sombrios e turbulentos.
…
“Tempos odientos”, como disse o amigo Escova, em chamada de voz no zap, direto de uma cidadezinha da França onde o moço vive e se esconde desde o Golpe de 2016.
– Quero ser solidário à sua dor, enfatizou em tom de deboche.
Agradeci a atenção e também o texto de apresentação do meu novo livro Pela janela do mundo… Ou o mundo pela janela a ser publicado ainda neste ano.
Obrigadíssimo, irmão.
…
Feito o registro, com a reverência que merece, voltemos ao futebol, ao Palmeiras e aos palmeirenses que, como eu, amanheceram de cabeça inchada e ouviram poucas e boas na segundona chuvosa.
Tão cedo não teremos sossego, amigos palestrinos.
Mesmo assim, não engrosso o cordão dos descontentes.
Não era o que almejávamos.
Mas, também não é o fim dos tempos.
Tem muita bola pra rolar ainda neste ano.
…
Não vou ‘comprar’ o barulho das redes sociais que, por sua vez, assimilam e difundem o discurso de terra arrasada que se faz em alguns dos zilhões de debates e mesas redondas sobre futebol que se tem no rádio e na TV, manhã, tarde e noite.
A propósito me dei um sabático em relação a tais programas.
Tem gente demais nas bancadas.
Falam muito, falam muito!
Todos profundos conhecedores dos meandros do futebol aqui e no mundo; táticas, estratégias, sistemas de jogo etc.
Sabem tudo.
Nunca erram.
São absolutos no julgamento da obra pronta.
…
Tenho cá comigo que são tão torcedores como eu, como você. Com preferências e antipatias.
É bem provável que com mais antipatias do que preferências.
Vale pra jornalista, apresentador, ex-jogador, ex-técnico, pra quem se imagina tudo isso e pra quem sabe que não é nada disso…
Ademais, é como escrevi dia desses:
Opinião em futebol é como orelha. De abano ou não, cada um que cuide e fique com as próprias. Orelhas e opiniões.
…
Só uma pergunta que agora me ocorre:
“O amigo leitor acha que a Federação Paulista de Futebol gostaria de ver o Palmeiras campeão este ano, depois da patacoada que fizeram na final do campeonato passado?”
Enfim – e por fim…
Quarta tem Libertadores no Allianz – estarei lá.
Logo logo começa o Brasileiro e outras tantas competições.
Assim é se lhe parece, o Planeta Bola, único e apaixonante.
…
Fiquem agora com o palmeirense Simoninha e a pergunta que não se calou:
Foto: arquivo pessoal
O que você acha?