“Meu livro é maior do que eu. As emissoras perderam tudo: arquivos, fotos, scripts, ficha técnica. Não entenderam a grandiosidade do gênero telenovela, que hoje tem alcance mundial. Também não concebo como as grandes editoras, com recursos e disponibilidade de pessoal, não se lançaram nessa empreitada. É um trabalho para ser feito por uma equipe. Dei sorte de guardar e catalogar tudo o que lia ou o que recebia das assessorias de imprensa sobre novela. O brasileiro tem verdadeira idolatria pelo folhetim, pela telenovela. É sua grande válvula de escape. Vinte Maracanãs lotados assistem diariamente as tramas da novela das oito. Isso é ou não é um impressionante fenômeno popular.”
Depoimento do saudoso amigo Ismael Fernandes no lançamento do seu livro “Memória da Telenovela Brasileira” (que teve quatro edições) e que ainda hoje é referência para qualquer estudo da história da televisão brasileira. Trabalhei longos anos ao lado do Isma e comprovei a paixão desenfreada pela telenovela que acabou por dar rumos definitivos à sua vida como jornalista, pesquisador e, por fim, autor (escreveu Meus Filhos, Minha Vida e Uma Esperança no Ar e participou como roteirista da readaptação de As Pupilas do Senhor Reitor pelo SBT, além de montar uma peça de teatro que era a própria essência de tudo o que pensava. Seu nome: Novela das Oito, que em 85 ficou três meses em cartaz em São Paulo).
Ismael completaria hoje 70 anos.