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Mr. Magoo

Eu o vejo todas as manhãs a caminhar pela avenida perto de casa no que imagino seja o seu exercício diário. Passa dos 80 e mostra uns laivos de jovialidade nos abrigos de grife e nos tênis coloridos.

Na padaria onde tomo o meu café antes de ir para a Universidade, ouvi alguns desavisados chamá-lo de Mister Magoo; olhando bem, e sem discriminação, até que parece…

O que as pessoas não sabem, sequer imaginam, é que o senhorzinho ali tem história – e das boas. Já causou um grande alvoroço nas altas rodas de incerta sociedade em tempos idos e vividos.

Foi um perereco.

Dono de renomada banca de advocacia, profissional estabilizado, família constituída e coisa e tal, o homem se apaixonou por uma dama lindíssima, de também de família constituída, da mesma alta roda de amigos e afins.

Não sei os detalhes da aproximação.

Até bem pouco tempo não ligava os fatos (que soube à época de ouvir falar) às pessoas, mas sei que foi um tsunami social. Perderam-se amigos, negócios faliram, muito diz-que-diz e o escambau. Mas, o novo casal firme no propósito de que o encontro tardou, mas foi pra valer.

Reconstruíram suas vidas em outro canto da cidade, e estão juntos até hoje.

Manhã dessas, o simpático Mr. Magoo entrou na padaria, trajando roupas sociais e de braço dado com elegantíssima senhora, altiva e bela.

O casal chamou a atenção de todos pela delicadeza com que se portava.

Foi ‘benzinho’ pra cá, ‘amore’ pra lá, ele dando passagem a ela, como gentil cavalheiro, coisas do tipo.

Vamos combinar. Estamos desabituados de assistir cenas assim. Lamentavelmente.

O vapt-vupt é hoje a lei dos homens e, infelizmente, das mulheres.

De qualquer forma, termino a história reproduzindo o comentário do senhor que estava no caixa da padoca (por certo, conhecedor do babado todo) ao pé do ouvido do bom velhinho:

– Valeu a briga toda, hein, amigo…

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