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Nau à deriva…

O assunto do dia é o jogo, de hoje à noite, entre Palmeiras e Corinthians que, neste 2017 de tantas estranhezas, completa um século de existência. É considerada a maior rivalidade esportiva do Estado de São Paulo e reúne outras tantas histórias que justificariam não apenas um post, mas um livro inteiro sobre o assunto (que o notável Celso Unzelte já deve estar produzindo).

Gostaria de tratar do tema. Lembrar o pai e os amigos no Bar Astoria, na rua Lavapés, naquelas barulhentas tardes de domingo, apurando os ouvidos entre a transmissão radiofônica do clássico e dos páreos no Jockey Club paulistano.

A italianada gostava de fazer uma ‘fézinha’ nos cavalos.

Para eles, o futebol era pura diversão.

Deixo minhas lembranças e as emoções de lado [quem sabe volto ao assunto, ainda temos o ano todo para isso e outros tantos Palmeiras e Corinthians].

Tenho lá minhas razões.

II.

A que hoje fala mais alto é que este Brasilzão de meu Deus não cansa de me surpreender. Para pior.

Não deveria ser assim, especialmente para um senhor acima de 60 , com ampla margem de rodagem e que, em alguns insanos momentos, teve a pretensão de acreditar que sabia tudo da vida.

Não sabe. Nunca soube – e, a cada dia, sabe menos.

III.

Como, caríssimo leitor? Se estou assim em função da tragicomédia que foi/é a indicação do “notável” Alexandre Moraes para o Supremo Tribunal Federal? A tal sabatina no Senado, quem viu um trecho que fosse? O que eu achei?

Por favor, amigos, respeitem ao menos os meus ralos cabelos brancos.

Não me façam perguntas que não saberia lhe responder, sem perder o humor e, de quebra, ouvir a célebre frase tantas vezes já ouvidas quando perco o freio:

“Vixi, baixou o carcamano no cara! ”

IV.

Uma história das antigas para ilustrar a pensata do dia.

É sobre um (in)certo senhor, cujo nome não estou autorizado a divulgar, mas que não é assim tão difícil de identificar.

Houve um momento em sua vida que o tal detectou o pior dos cenários para a empresa em trabalhava há tantos anos. Tentou alertar aos superiores – proprietários, outros diretores e congêneres – da hecatombe financeira e até ética que se aproximava celeremente. Se o rumo da coisa toda não fosse alterado, com urgência e cuidados extras, o naufrágio seria o destino de tudo e de todos.

Não lhe deram ouvidos.

“Não exagero, colega. Sei que você trabalha há anos na casa, mas fique tranquilo que estamos no comando. ”

V.

Entendeu a letra, e se preparou para sair.

Não havia outra – e sensata – alternativa.

Antes, porém, tratou de encaminhar alguns parceiros de muitos anos na lida de ‘fechar’ uma edição semana sim, e outra também. Não queria que os amigos afundassem junto com o barco à deriva.

Ali, naquela velha redação de piso assoalhado e grandes janelões para a rua Bom Pastor, não era mais apenas o editor. Sentia-se o tresloucado capitão de um navio fazendo água.

Seria o último a abandonar a embarcação.