Deus e os meus santos todos sabem – ao menos, me esforço, em minhas orações diárias, para que saibam – o quanto tento ser paciencioso com os desígnios dos Céus e dos homens.
Mas, tudo tem lá o seu limite.
Concordam?
Sei um tanto da vida e dos amores, o suficiente para deixar pra lá o perder e ganhar que, de resto, meus caros, faz parte da regra do jogo; que, a bem da verdade, não é tão clara assim, como dizem e anunciam.
Devo aos amigos o fio da meada que seguro, do jeito que posso, onde se amarra o nó cego da existência.
Alguns já se foram – e o Criador que os tenha próximos e em bom lugar, pois vai se divertir e muito. Eles são do balacobaco, gente finíssima. Baita saudades, sô!
Outros, caríssimos, continuam por aqui, felizmente. Sempre a me alertar para o risque e rabisque deste cotidiano insano:
— No fim, tudo dá certo. Se não for assim, é porque não é o fim.
Ora vejam, pois.
Dá para perceber que sou da paz e do arroz. O amor é bom, mas vem depois.
Isto posto, eu quero saber, eu preciso saber…
O que é aquilo que vi ontem nos telejornais da noite.
Mal pude dormir com a lembrança da imagem da rediviva figura.
— Antes de falar no meu nome, o senhor engula, digira e faça o que quiser…
Olhos esbugalhados, voz cavernosa, expressão ameaçadora a jurar o senhor que, da tribuna, discursava no Senado.
Deprimente, a cena.
O Collor voltou, me disseram.
— Aquele mesmo, o impichado. É senador da República e apóia Sarney e abraça o presidente.
Tento não acreditar. Resistir.
Mas, sinto-me prostrado. No limite.
Nem os santos, nem os amigos são capazes de me convencer que este País tem jeito.
FOTO no Blog: Jô Rabelo