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Eu, o comentarista esportivo

Foto: Tomás Micheli no X

Passei a semana entretido com os jogos da Eurocopa e da Copa América.

Inevitável, portanto, que deixasse minhas impressões por aqui, no Blog.

Nunca fui lá um especialista no assunto, mas, acreditem!, ao longo desses meus 50 anos de jornalismo não me furtei a escrever sobre o tema em colaboração para vários jornais da época.

Num desses corres, por iniciativa de um dos meus editores, o AC, acabei inscrito como sócio número 637 da Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo.

Inclusive o amigo e mestre Nasci dizia que eu deveria deixar de arabescos por outros segmentos da Imprensa e me dedicar unicamente ao jornalismo esportivo.

À época, anos 80, eu “atirava” para todos os lados em busca de alguns trocados.

Trabalhava na Gazeta do Ipiranga (era editor) e fazia frilas para um tantão de lugares.

Escrevia sobre o que pintasse, mas gostava mesmo de entrevistar os cantores/compositores e escrever sobre música popular brasileira.

Por ocasião das copas do mundo, na falta de grana para contratar um profissional especializado em futebol, eu me arriscava no tema, chegando mesmo a desenvolver uma coluna semanal que chamei de “Toque de Bola”, inspirada na coluna “Bola de Papel” que o brilhante Alberto Helena Júnior escrevia no Jornal da Tarde.

Ao longo desse período, entrevistei uma penca de jogadores e ex-jogadores, técnicos, dirigentes e afins. Luiz Pereira, Tião, Valdemar Carabina, Filpo Nunes, Telê Santana foram alguns dos meus entrevistados. Também fiz cobertura de alguns jogos e até de torneios de várzea, como o histórico “Desafio ao Galo”.

Para ser sincero, entendia mais como divertimento do que como trabalho.

Sou muito_muito_muito palestrino para escrever sobre as indiossincrasias do Planeta Bola sem me envolver emocionalmente.

Mesmo assim, nesse contexto, lhes digo que a entrevista que mais gostei de fazer foi com um antigo técnico chamado Caetano De Domenico, um senhorzinho que já passava dos 80. Ele era uma simpatia e uma verdadeira enciclopédia do futebol brasileiro. Treinou clubes como o Ypiranga, o Juventus e o Nacional, entre outros. Estava aposentado, mas orgulhosamente se dizia inventor da “cerradinha”, uma marcação mais individualizada e próxima ao que hoje entendemos como retranca.

Ele destacava o jogador mais esforçado do time dele e o colocava para fazer uma vigilância implacável em cima do melhor jogador do time adversário, invariavelmente bem mais poderoso que o dirigido por De Domenico.

Naquele tempo, me disse o veterano treinador, era impossível aos clubes menores saírem vitoriosos de campo quando enfrentavam o Trio de Ferro paulistano.
– Se não fizéssemos assim, não tínhamos a menor chance com Corinthians, Palmeiras e São Paulo.

De Domenico, porém, fez uma ressalva.

– Quando os craques do time queriam jogar, não havia esquema que segurasse.

E riu gostosamente.

Para acrescentar, convicto:

– Técnico não ganha jogo. Pode ajudar a perder, mas ganhar, ganhar, é raro.

Que o Abel Ferreira, não nos leia!

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