Chego um tanto apreensivo à sala de Imprensa. Nunca soube que o velho Pacaembu tivesse essas modernidades. Os repórteres me esperam para falar sobre um século de Palmeiras e Corinthians, agora, em 2017.
Desconfio que adormeci lendo o livro do José Trajano, “Tijucamérica – Uma chanchada fantasmagórica”, e agora me encontro aqui em meio a essa enrascada. Sinceramente, não sei se é sonho ou devaneio (que, em essência, dá no mesmo).
Sei que, em frente de um batalhão de repórteres, fotógrafos e câmeras, terei que escalar o “Meu Palmeiras de Todos os Tempos” que, imaginariamente, faria frente à seleção do nosso mais tradicional rival. Algo assim como um tira-teima de quem foi o melhor ao longo de todos esses anos de tantas glórias e conquistas, lágrimas e sorrisos, vitórias e derrotas.
Estou confiante no meu Verdão dos sonhos!
Não sei quem vai escalar o time dos homens. Mas, estou confiante no meu onze.
Ainda tenho dúvidas em algumas posições. Mas, à turba que me espera, arrisco dizer o seguinte:
(Silêncio na sala.).
Para o gol, o meu preferido é o Leão, certo? Mas, por se tratar de um clássico diante do Corinthians, resolvo dar a titularidade para São Marcos – e o motivo todos sabem.
Alguma dúvida? Então, sigo com a defesa. Djalma Santos, Luis Pereira, Djalma Dias e, na lateral esquerda, uma dúvida. Se o adversário escalar o Roberto Bataglia ou Cláudio Cristóvão Pinto, vou de Geraldo Scoto, conhece melhor o jogo dos pontas corintianos. Mas, se vierem com um tal de Marcelinho Carioca, vou de Roberto Carlos.
Beleza?
Seguimos…
O meio de campo é óbvio: Dudu e Ademir da Guia.
Não preciso sequer comentar.
Já o ataque está quase completo.
Tenho três nomes definidos: Júlio Botelho, José Altafini Mazola e Chinesinho (que pode ajudar o meio de campo).
Para completar o quarteto, tenho uma penca de nomes: Humberto Tozzi, Vavá, Servílio, Leivinha, Jair da Rosa Pinto (aí teria que tirar o Chinês da ponta e escalar o Ney), Artime, Evair…
Alguém da Imprensa me pergunta se o menino Gabriel Jesus poderia estar entre os relacionados.
Deixo o repórter sem resposta, pois ACORDEI com o celular tocando. Antes de atender, porém, respondo para mim mesmo que sim. Gabriel Jesus poderia compor entre os ídolos eternos do Palestra. Pena que ficou tão pouco tempo entre nós…