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Sílvio Santos (1930/2024)

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Foto: SBT/Divulgação

Não, nunca entrevistei Sílvio Santos.

Nem sequer cheguei perto do Homem do Baú.

O mais próximo que consegui foi por meio de algumas histórias que o saudoso amigo e colunista do jornal, Ismael Fernandes, contava sobre os bastidores do SBT e as manias do Patrão.

Ismael era autor de novelas e trabalhou em várias produções da emissora do Sílvio. Uma ou duas vezes por semana, ele vinha à velha redação trazer sua preciosa colaboração ao nosso jornal, a coluna de TV.

Sinceramente não me recordo se o Isma chegou a encontrar-se pessoalmente com Sílvio Santos.

Desconfio que não.

Mas, sempre trazia causos deliciosos sobre o gênio intuitivo do SS para tocar a empresa e sua programação na busca pela audiência.

“O homem gosta de falar diretamente com o povão” – dizia o amigo.

Gostava de ouvir as conversas do Ismael.

Gostava mais ainda quando ele e outro colunista, o Nasci que nos anos 60 trabalhara na fase áurea da TV Record (a era dos musicais), discutiam sobre quem eram os maiorais da TV brasileira, então, prestes a completar 40 anos de existência.

Nasci cravava que a dupla Boni e Walter Clark eram os responsáveis pelos avanços da TV como veículo de massa e indiscutível influência na opinião pública.

“Implantaram o dito ‘padrão globo’” – anunciava ele.

Ismael era mais objetivo.

Reconhecia a contribuição de Boni e Clark, a coragem e ousadia de Roberto Marinho para, aos 60 anos, hipotecar a própria casa e construir o império da Rede Globo de Televisão, mas ponderava convicto:

“Sílvio Santos é o grande comunicador da TV brasileira. Único e inigualável”.

À época, não tomava partido em meio a esse debate de ‘‘especialistas’’.

Ora concordava com um, ora me bandeava para o outro lado.

Não fazia cerimônia.

Agia assim mais para incrementar a discussão (ver o circo pegar fogo) do que propriamente por convicção.

Para mim, Sílvio Santos nunca deixou de ser “o Peru que fala”, apelido que ganhou do radialista Manoel da Nóbrega quando estreou em meados dos anos 50, como locutor comercial, na Rádio Nacional de São Paulo.

Nóbrega apresentava um programa na hora do almoço e se divertia toda vez que o jovem locutor ficava ruborizado ao falar ao microfone.

Daí, o inevitável apelido: “o Peru que fala”.

Nóbrega foi o idealizador de A Praça É Nossa (chamava-se então Praça da Alegria) e, reconhecido publicamente pelo próprio Sílvio Santos, como “o maior responsável pelo sucesso” que conseguiu vida afora.

O programa da Rádio Nacional era audição obrigatória em casa.

Eu era garoto.

Ouvia junto à minha família para saber quais os sucessos musicais do momento. Conhecia de cor o nome dos intérpretes – Roberto Luna, Lana Bittencourt, Paulo Molen, Wilson Miranda, Vilma Bentivegna, Dolores Duran, entre outros.

Foi aí que conheci as piadas do Golias, que fazia dupla com Carlos Alberto de Nóbrega, e as intervenções divertidas de Canarinho e Chocolate, dois outros ótimos humoristas.

Ah, a memória afetiva que nos alenta e ampara!

Recordei esse tempo distante neste fim de semana.

A morte do apresentador Sílvio Santos causou uma comoção nacional e foi amplamente documentada pelos meios de comunicação em mais do que merecida homenagem.

Ainda sobre a questão levantada pelos amigos Ismael e Nasci lá nos antigamente, penso que só hoje, depois de muito matutar, eu formei uma opinião:

É certo que Boni e Walter Clark foram fundamentais para as transformações da TV no Brasil, mas quem deu cara, voz e sorriso para nossas imagens serem genuinamente brasileiras foi o Homem do Baú, o Peru que fala, o desde já inesquecível Sílvio Santos.

É isso!

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