“AGUARDEM…
… para breve o lançamento de
um novo cantor na música do Brasil.
WÍLSON SIMONAL vem aí.”
Não sei se o texto tinha rigorosamente essas palavras. Mas, a proposta era esta mesma: anunciar a nova coqueluche do momento, como se dizia na virada dos anos 60.
A nota saía com certa freqüência, entre outros destaques do mundo artístico, sempre no fim da coluna de um jornal popular do Rio de Janeiro, assinada por Carlos Imperial.
Quem escrevia essa coluna era o secretário faz-tudo de Imperial.
Adivinhe quem?
O próprio Wilson Simonal de Castro.
II.
Como secretário faz-tudo de Imperial, Simonal também cuidava dos bastidores do programa vespertino que o produtor musical comandava em uma emissora de TV do Rio de Janeiro. Era ele quem recebia os jovens convidados em início de carreira que sonhavam com uma promissora carreira artística.
Foi numa dessas tardes que conheceu um grupo de rock vindo da Tijuca. Tião das Marmitas (Tim Maia) e Roberto Carlos fariam sua estréia na TV.
O grupo não teve vida longa.
Roberto continuou por ali empresariado pelo próprio Imperial, numa versão desajeitada do Elvis brasileiro. Tim Maia, ao que Simonal soube depois, havia feito a loucura de viajar para os Estados Unidos, sem falar uma palavra de inglês e sem um dólar furado no bolso.
Erasmo apareceu mais tarde, acompanhando Roberto.
III.
Era um garoto grandalhão que, vira e mexe, dava as caras nas coxias da emissora. Ora vinha como acompanhante do futuro Rei da Jovem Guarda, ora vinha sozinho mesmo.
Simonal acabou ficando amigo de Erasmo.
Tanto que, quando começou a fazer a almejada trajetória de cantor, não teve dúvidas. Deixou o posto para Erasmo.
IV.
Inevitável.
Dias depois, aquele jornal popular, naquela coluna, anunciava:
“AGUARDEM.
Vem aí o novo rei da juventude.
ERASMO ESTEVES.”
* Na sexta, estréia o documentário Simonal. Ninguém Sabe o Duro Que Dei. Imperdível.