– Somos todas as canções.
Duquinha estava todo entusiasmado para viver um inesquecível 12 de junho.
Acordou inspirado – e, na primeira chance que lhe apareceu, tascou a frase acima para que Carol sentisse como viveriam intensamente a data.
Mas, como todos sabem, as mulheres… ah! as mulheres… não são nada fácil de entender.
Carol adorou o que ouviu (Que mulher que não gosta de um xaveco com ares de poesia?). O dia prometia mesmo. No entanto, decidiu por decidir se fazer de desentendida.
– O quê?
– Somos todas as canções, amor.
– Deixa de bobagem, Duquinha, estamos atrasados para o trabalho. Depois a gente vê isso.
E desligou o rádio…
II.
Eram amigos, bons amigos.
Mas, o que fazer? Bel era uma moça romântica no velho estilo. Não tardou para se por a imaginar coisas. Robson, de amigo sincero, passou a ser o homem da sua vida. Tinham gostos comuns, temperamento parecido, descolados até a página 2 e riam muito, muito mesmo, quando estavam juntos.
Por que não? – perguntou a si mesmo, assim que desligou o telefone após aceitar o convite de Robson para irem ao cinema naquela noite, 12 de junho, Dia dos Namorados.
Imaginou (e como imaginam as mulheres!) que ele havia se dado conta da súbita paixão – e escolhera a data para se declarar.
Embora tímido, ele também era um romântico.
No escurinho do cinema, Bel era só ansiedade. Sentia o braço de Robson roçar o seu, dividiram o pacote de pipoca entre risos, riram das patacoadas do herói trapalhão na tela e, em vão, elazinha esperou o beijo que não veio.
Ficou um tantinho decepcionada, mas havia todo o trajeto da volta e era mais o feitio do moço que a declaração formal viesse antes dos amassos.
Foi quando de repente, sem mais, nem menos, no estacionamento, Robson lhe estendeu a mão. O coração de Bel explodiu. Ato contínuo, ela não só deu sua a mão a ele como amplio o gesto, enredando-o num abraço lânguido.
Um tanto sem jeito, outro tanto surpreso, Robson mal teve tempo de explicar-se. Bel tacou-lhe um beijaço, desses de cinema.
Só depois da cena, ainda confuso, Robson esclareceu o mal-entendido.
– Eu só quero a chave do carro que eu pedi pra você guardar na bolsa!
III.
Triste mesmo foi ver aquele amigo – avulso e solitário -, com ares de mercadoria em promoção, postado ao lado do muro que exibia u enorme grafite que dizia:
“Mais amor, por favor!”