Foto: Reprodução/EBC
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Um dia que entrou para a História.
Aquele 25 de janeiro de 1984, o primeiro grande comício das Diretas-Já em São Paulo.
Inesquecível.
Eu e os meus estávamos por lá.
Impossível não registrá-lo nessa minha rememoração dos 50 anos de jornalismo.
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Chegamos ainda pela manhã ao centro da cidade, imediações da Praça da Sé, onde aconteceria o esperado encontro.
Paramos para um café na padaria Santa Terezinha na praça João Mendes.
Havia um discreta apreensão em todos.
Não tínhamos clareza do que podia acontecer.
Estávamos, sim, esperançosos.
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Para muitos de nós – outros repórteres também estavam por ali -, era a primeira vez que cobriríamos um superevento de ampla conotação política.
Entendam nosso entusiasmo.
Éramos relativamente jovens. Na faixa dos trinta, trinta e poucos anos.
Trazíamos em nós a fé dos que ousam acreditar no passo e no caminho.
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Almejávamos a construção de “um Brasil para todos os brasileiros” – a expressão que ouvi do então secretário municipal da Cultura, o dramaturgo Gianfrancesco Guarnieri, num jantar que o vereador Almir promoveu ao prefeito Mário Covas e convidados no Galeta Dourada, um restaurante nas imediações do Museu do Ipiranga.
Naqueles idos, o sonho que se sonha junto não era só uma utopia, mas uma realidade bem ao alcance das nossas ações.
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Diria que estávamos para pouca conversa naquela manhã.
Observávamos a movimentação das pessoas e, sobretudo, a postura da Polícia Militar que implantou barreiras de verificação em vários pontos de acesso à Praça da Sé.
Ali por volta das 13 horas, nosso grupo partiu em direção à Praça.
Aproveitamos a companhia de uma leva de manifestantes – artistas, arteiros, jornalistas e intelectuais, vinda do Spazio Pirandello na rua Augusta, que ali passou a ostentar camisetas amarelas (que ironia!) e entoar versos de canções do Chico Buarque.
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Fomos no embalo e assim passamos sem problemas, pela primeira barreira policial. Simples verificação e revista,
Algumas dezenas de metros adiante, o segundo posto policial.
Ali, o furdúncio era maior. Pediam documento de identificação de todos.
Era muita gente e poucos policiais.
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O vereador Almir Guimarães já estava por ali para nos recepcionar.
Digamos que fez bom uso de suas prerrogativas.
E, num brevíssimo instante, aproveitamos a gentileza do vereador e superamos o bloqueio.
A Praça estava lotadaça.
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Conversamos alguns minutos e logo Almir se bandeou para o palanque das autoridades.
Abriu espaço em meio à multidão e – lembro bem – levou consigo o valente repórter-fotográfico Cláudio Michelle em busca dos melhores ângulos para as imagens que, no dia seguinte, ilustraria toda a primeira página do jornal.
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Permaneci ali nas escadarias da Catedral, ao lado do saudoso amigo Nascimento.
Um momento especialíssimo para nós – e para a história deste indômito Brasilzão que ainda tateia às cegas em busca do verdadeiro caminho da justiça social e da fraternidade.
Um dia que entrou para a História.
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A reportagem:
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Trabalharam nessa edição, além deste malajambrado repórter, o Cláudio Micheli, as repórteres Regina Maria Curuci e Leila Kiyomura e o colunista Zé Armando (pseudônimo do Nasci). Supervisão gráfica: Walter Silva
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