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Uma homenagem

"Tchau, papai. Você foi um herói!"

01. A emoção marcou o sepultamento do sargento do Corpo de Bombeiros, Assis Degrossoli Filho, de 42 anos, na quarta-feira em Campinas. Na semana passada, durante enchente num bairro daquela cidade, o policial tentou resgatar moradores que estavam ilhados e foi arrastado por uma forte correnteza. Recolhido ainda com vida, o sargento Degrossoli morreu na terça-feira de falência múltipla dos órgãos causada pelas complicações do afogamento. Ao despedir-se do pai, um dos filhos cunhou a frase acima…

02. O conturbado noticiário da semana recende os fulgores e a tragédia de uma guerra anunciada. Uma guerra pós-moderna. Uma guerra com recursos tecnológicos e da virtualidade. Uma guerra como nunca se viu. O mundo não quer essa guerra — como, de resto, não quis guerra alguma. Mas, há sempre quem tire proveito dessas situações de beligerância e falam e justificam e proclamam e, mais dia, menos dia, a guerra explode. E o homem passa a conviver — e pior, achar natural e até inevitável que as coisas cheguem a esse ponto de degradação humana.

03. É isso. Toda vez que ocorre um conflito desse porte, queiramos ou não, a raça humana se revela medíocre em suas sofisticadas propostas de vida. Mostra-se o quanto é equivocado o entendimento do milagre que é estar vivo e qual será a nossa "marca" nesse planeta azul chamado Terra.

04. As manchetes dos jornais também trombeteíam o lusco-fusco das questões econômicas. A tal taxa Selic, os juros, a inflação, os vacilos do novo governo… Alguns chegaram a noticiar a passagem do 60º aniversário do ex-ministro Pedro Malan, discretamente comemorados num luxuoso hotel em Paris. Que beleza, hein!

05. Mas, nada disso me tocou a ponto de querer discutir o assuntoto aqui neste espaço. A história do sargento, o adeus do garoto, isso sim me fez parar e pensar. Como será que as pessoas vêem esse gesto? Há um consenso hoje entre as pessoas — entre todos nós, é bom que se diga — de não entrar em "bola dividida", não se comprometer com esse ou aquele, de tocar em frente do jeito que dá. Esquecer a ousadia, a coragem, a luta por uma vida melhor (não para si, apenas), mas pra todos…

06. Lembro que nos anos 70 o jornalista Lourenço Diaféria se comoveu com a morte de outro policial que também teve um gesto heróico. O militar estava a passeio no zoológico de Brasília. Era um domingão ensolarado e tranqüilo. De repente, uma criança cai no fosso das ariranhas (confesso até então nunca havia ouvido falar nesses bichos) e o policial a socorre. Entra no fosso, consegue retirar o criança com vida. Mas, não resiste ao ataque dos bichos…

07. Sei que estou longe do talento de Diaféria, mas quis fazer aqui esse modesto registro. Até porque a gente não sabe mais o que é realmente importante. O que nos torna melhor. Ainda nesta semana, vi e ouvi a irmã da personagem que foi eliminado da Big Brother Brasil dizer que a moçoila, com sua performance sei lá se na piscina ou nas baladas da Casa, deu a exemplo que o País precisa para se fazer melhor. Foi de doer… Sem noção.