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12 milhões…

Não sei se a meninada de hoje, que pretende cursar ou cursa Jornalismo, entende a responsabilidade e a riqueza de ser repórter. A moda hoje é ser colunista – interpretar o mundo de acordo com os próprios olhares e razões – e não sair à rua conhecendo e entrevistando pessoas de todos os segmentos sociais nas mais diversas circunstâncias para, aí sim, relatar a realidade que nos assombra e influi a cada passo do cotidiano.

Tenho muita saudade do meu tempo de repórter – embora entenda que há um tempo certo para viver o hard news das redações – e posso lhes assegurar que a experiência me fez melhor. Não que eu seja lá grande coisa, mas esses encontros me deram régua e compasso para entender o mundo e as pessoas.

Lembro, por exemplo, a fala do professor Darcy Ribeiro que encantou o amigo – e também repórter – Escova em uma coletiva, aqui, em São Paulo nos idos dos anos 80:

“Há pessoas que leem livros. Há pessoas que leem pessoas. ”

Achamos bonito – e concluímos que é função do repórter as duas leituras.

(…)

Faço toda essa introdução porque vejo as notícias do dia – e fico indignado.

Vai para além dos 12 milhões o contingente de desempregados em nosso País. Não consta deste montante outros milhões que se viram no subemprego, os que vivem de pequenos biscates e na informalidade.

São números trágicos que se tornam ainda mais alarmantes quando se ouve falar das mazelas dos valores bilionários que ‘desaparecem’ na roda da corrupção em toda a esfera pública.

É muito, muito, triste.

Pior: não confio no empolado discurso do Governo ilegítimo que aí está.

Não confio no governo, nem nas forças que o apoiam.

Empurraram o País para o buraco negro, e agora vivem de platitudes.

(…)

Falei ontem – com uma temática mais amena – do maluco-beleza Tim Maia. Não há como negar a imprevisibilidade dos seus atos. Tanto que, em pleno período ditatorial, o cara resolveu lançar-se à Presidência da República. Era mais uma das muitas hilariantes farsas de Tim que, na verdade, por conta dessa bizarrice cravou uma das verdades mais verdadeiras que cabe ainda hoje no Brasil de hoje:

Falou Tim para os repórteres:

“Se o cara não é jogador de futebol ou cantor, não há futuro para o preto e o pobre nesse nosso querido País. Estão todos f…”

Tim Maia era barulhento, mas sabia das coisas…

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