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Um causo deste meu Brasil brasileiro…

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Uma história da Era do Rádio para alegrar o domingão de sol…

Essa época – que compreende a década de 40 até o início dos anos 60 – foi um dos momentos mais gloriosos de nossa música popular.  Uma constelação de astros e estrelas reinou plena na imaginação do grande público sem que, muitas vezes, as pessoas sequer  lhes conhecessem os rostos e as feições.

A TV chegou ao Brasil discretamente em setembro de 1951 – e as rainhas e reis do rádio já brilhavam intensamente nos auditórios das emissoras para alguns punhados de fãs. Ficava para os jornais (em preto e branco) e as revistas divulgarem a imagem de ídolos das massas como Marlene, Emilinha Borba, Dalva de Oliveira, Francisco Alves, Orlando Silva, Sílvio Caldas, Ataulfo Alves, entre dezenas de outros.

Vez ou outra, o cinema brasileiro – também embrionário – abria espaço para os intérpretes da época e suas canções.

Se com cantores e cantoras era assim, imaginem, caríssimos leitores, como viviam os compositores…

Via de regra, passavam despercebido até mesmo dos mais próximos.

II.

Aliás, nesse contexto, um causo bem singular viveu um dos expoentes da época: o grande Ary Barroso, homem de múltiplas funções na rádio (apresentou programa de calouro, narrou futebol, foi músico e arranjador), além de compositor de grandes sucessos.  O maior deles, sem dúvida, um ‘sambinha’ chamado “Aquarela do Brasil”.

Sua figura franzina não condizia com o esplêndido talento que sempre exibiu.

III.

Certa vez, Ary precisou passar um telegrama a um amigo e, com este propósito, se dirigiu a uma agência dos Correios.

Em lá chegando, tratou de se apresentar, o que causou algum tumulto entre os funcionários e os presentes, invariavelmente admiradores da obra e do personagem.

“Será que é?”

“Será que não é?”

Alguns desconfiaram. Entre os quais, um desastrado telegrafista que tratou de tirar a dúvida com um colega de outra agência:

Toc. Toc. Toc. Ary barroso na agência Toc. Toc Toc. Magro e feio…

IV.

Acostumado a esses imprevistos que a popularidade lhe causava, o ranzinza e bem-humorado Ary aguardava tranquilamente no balcão para ser atendido. Mas, atento aos ruídos do telégrafo – pois, exercera a função quando jovem -, detectou a mensagem que o funcionário da agência passava à frente.

Sem perder a pose, o artista pediu silêncio a todos. Chamou o incauto telegrafista e, no balcão, com uma caneta, batucou a resposta nos rigores da linguagem morse:

Toc. Toc. Toc.  Ary Barroso é magro, feio Toc.Toc.Toc. e ex-telegrafista…

V.

Depois traduziu a frase para os presentes para gargalhada geral dos presentes e desapontamento do desastrado funcionário.

*(fotos: reprodução)

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