O jogo de ida terminou 1×1.
Já a volta, naquela tarde de 22 de dezembro, um domingo, reservou um duelo nas arquibancadas que colocou mais de 100 mil corintianos entre os 120 mil pagantes. Corintianos que se calaram com o gol de Ronaldo, aos 24 minutos do segundo tempo, assim eternizado na voz do locutor Fiori Giglioti:
“… abriu na ponta-direita para Jair (Gonçalves), descendo pela ponta, atenção, vai levantar, balão subindo, descendo, entrou Leivinha, bola para Ronaldo, tocou…
… Goooooooooooooooooool.”
E aí veio o famoso grito da torcida, em referência à fila do rival que já durava desde 1954:
“Zum, zum, zum… é vinte e um!!!”
Dudu só ouviu metade da festa, digamos assim.
Minutos depois, o camisa 5 do Palmeiras teve a orelha esquerda carimbada por Rivelino com um petardo na cobrança de uma falta.
Desabou.
“Assim que retornou, depois de quatro minutos, nova falta para o Corinthians. No mesmo lugar. Lá foi o canhão de o Parque São Jorge tentar o empate. Lá foi Dudu para a barreira. Mas, o árbitro usou a cabeça que Dudu parecia não ter”, escreve o jornalista Mauro Beting no livro Os Dez Mais do Palmeiras, lembrando que Dulcídio Wanderley Boschilla mandara o volante sair da frente da nova cobrança. “Mas, o alviverde inteiro soube que, a partir daquele lance, o Palmeiras ficou ainda maior do que já era. Faltava mais time aos corintianos. Faltava o que sobrava no Palmeiras.”
Perguntado sobre a melhor fase do fiel escudeiro com a camisa 5 da Sociedade Esportiva Palmeiras, Ademir da Guia nos remete a mais de três décadas sem titubear.
“Sem dúvida, a final de 74. Foi um jogo em que todos jogaram bem. Mas, ali, aquele campeonato, foi mais Dudu.”
* Trecho do livro-reportagem “Caregadores de Piano – A História de Doze Operários do Futebol Brasileiro”, apresentado como trabalho de conclusão do curso de jornalismo na Universidade Metodista de São Paulo e aprovado com nota máxima, 10. Autores: Bruno de Oliveira, Lucas Borges, Lucas Tieppo, Leonardo Faria, Paulo Silva Jr e Verena Souza. Parabéns aos novos jornalistas!
* FOTO No BLOG: arquivo pessoal – Paris