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Esporte da região perde seu grande historiador

"O esporte faz amigos"

01. O esporte amador da região perdeu ontem seu grande incentivador e maior historiador. Aos 69 anos, vítima de infarto, morreu o professor Francisco Teodoro Mendes, colunista esportivo de Gazeta do Ipiranga desde 1967. O professor foi enterrado na tarde de ontem no cemitério da Vila Mariana e a missa de sétimo dia será realizada na igreja Nossa Senhora Aparecida, quarta-feira (16), às 19h30.

02. Irmão do empresário e líder comunitário, Guilherme Teodoro Mendes, o professor Chiquito teve ampla participação em diversas entidades representativas do Ipiranga. Mas, sua história de vida esteve sempre marcada pelo grande amor ao esporte — muito especialmente, o futebol varzeano do Ipiranga. Inicialmente como atleta, depois como técnico e preparador físico, Chiquito (como era conhecido desde seus tempos de quarto-zagueiro) tinha portas abertas em todos os clubes da região.

03. Todas às vezes que um time do bairro se projetava numa competição de maior âmbito, fosse qual fosse as cores da agremiação, lá estava o professor para dar sua colaboração: ajudar na preparação dos atletas, ajudar o técnico ou simplesmente passar confiança à equipe, com sua discreta; mas, respeitada presença.

04. A paixão pelo esporte, o amplo conhecimento das equipes do bairro e o acesso a todas as informações do final de semana esportivo na região credenciaram o professor a escrever semanalmente em Gazeta do Ipiranga a coluna Esporte Amador, a mais antiga da imprensa esportiva paulistana. Inicialmente a seção chamou-se 10 Notícias, mas o sucesso da coluna fez com que aumentasse — e muito — o número de clubes interessados em ver sua performance registradas nas páginas de GI.

05. Muitas vezes, as 10 Notícias do professor Francisco T. Mendes eram, na verdade, 12 ou 13 verbetes. Ainda assim, muitos resultados ficavam de fora — o que aborrecia o professor. O esporte no Brasil vive muito mais desses abnegados, anônimos da cartolagem propriamente dita — ensinava o professor décadas antes dos escândalos que a CPI do Futebol hoje investiga.

06. Professor de Educação Física (aposentou-se do magistério trabalhando no
Gualter da Silva), trabalhou no Balneário Princesa Isabel e foi diretor do Balneário do Cambuci. Atualmente, trabalhava no centro desportivo municipal, sob os, viadutos da avenida Presidente Wílson. Chiquito, que chegou a ser campeão brasileiro de futebol de salão/universitário, como preparador físico da seleção paulista, cuidava hoje dos garotos carentes. Uma bola faz a alegria desse pessoal — e quase sempre dá rumo e dignidade a vida de muitos deles, dizia. Muitas vezes, tirava do próprio bolso para comprar uma bola para a garotada se divertir e sonhar com um futuro melhor.

07. No final da tarde de quarta-feira, quando deixou sua última coluna na Redação de GI, a qual publicamos abaixo, o professor lembrou alguns causos da várzea do Ipiranga. Queria escrever um livro sobre o assunto para que essa história não se perca por falta de registros. Antes de sair, arriscou um palpite como bom corintiano: hoje vai dar Azulão!, referindo-se ao jogo São Caetano e Palmeiras. E deu: 1×0 para o São Caetano. O professor acertou. Como sempre.

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