"Você é tudo o que sempre quis para sempre"
01. Não, não estranhe, caro leitor. A frase em epígrafe, eu sei, bem poderia fazer parte de uma das belas obras do nosso cancioneiro romântico. Na verdade, nem sei se não a ouvi no rádio ou li numas das crônicas do eterno Rubem Braga. Não quero me arvorar uma autoria que, talvez, não me pertença. No entanto, sempre quis registrá-la neste espaço. E hoje me pareceu o momento mais oportuno — exatamente quando apresentamos a edição especial de 41º aniversário de Gazeta do Ipiranga.
02. Explico melhor. Ao longo desse período, revelou-se tão forte a integração do nosso jornal com a comunidade que não fica a menor dúvida sobre nossas propostas e afinidades. É verdadeiramente uma grande história de amor dessas que se perpetuam (e encantam) vida afora. O jornal e a comunidade que lhe dá nome caminham juntos desde sempre. GI começou (26 de abril 1958) quando o bairro ainda engatinhava enquanto comunidade e representativo núcleo urbano. As lutas passaram a ser comum. As vilas e jardins da periferia ganhavam contornos cosmopolitas — e todos crescemos batalhando ideais comuns em prol de uma melhor qualidade de vida. Jornal e comunidade sempre souberam que melhorando o Ipiranga estariam semeando um País melhor.
03. Foi, desde o início, este o propósito que nos uniu. Sempre soubemos onde e como lutar por calçamento, iluminação, rede de água e esgoto, escolas, entre outros melhoramentos públicos que desembocaram no Ipiranga de hoje, uma imensa metrópole dentro da supermetrópole que é São Paulo.
04. Não foi um trajeto fácil, é sempre bom lembrar. Os efervecentes anos 60 trouxeram os tempos obscuros da ditadura. Todos os canais de informação estavam na mira dos censores, tolhidos no direito natural de bem informar. Também o acesso aos órgãos públicos era inimaginável ao homem comum — aquele que, por exemplo, morava numa rua sem pavimentação não tinha a quem recorrer. Ficava à mercê da vontade dos soberanos que, invariavelmente, malsabiam existia o zé-povinho…
05. Gazeta do Ipiranga fez a ponte entre o público e as autoridades. Constatou, documentou, denunciou, reivindicou uma, duas, três, quantas vezes foram necessários. Sempre ao lado da comunidade e de suas legítimas aspirações. GI também incentivou movimentos populares que geraram associações, clubes de serviço, sociedade amigos de bairro, entidades representativas como Clube dos Lojistas, entre outras. Ajudou a forjar uma organização social que, era notório, não interessava aos senhores do Poder. E que, registre-se, foram historicamente vitais para a explosão do movimento das Diretas-Já e, conseqüentemente, para a redemocratização do País.
06. Estivemos lado a lado nessas batalhas. Estamos unidos, a Gazetinha e o Ipiranga, apesar das adversidades. E continuaremos juntos tocando em frente, fazendo da felicidade nosso projeto de vida. Sempre.