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Só não vale perder a eleição

"Viver é adaptar-se" (Euclides da Cunha)

01. Vamos caminhando celeremente para a reta de chegada da campanha eleitoral deste ano. Hora em que os debates na TV começam a pegar forte. Hora em que recrudesce a propaganda eleitoral — cartazes, cartazetes, faixas se agigantam, multiplicam-se, invadem e poluem toda a cidade. Hora também das denúncias — candidato nenhum mais tem máculas em seu passado, só seus adversários políticos as têm. A menos de um mês do pleito, o cidadão eleitor aperta o start e começa a depurar a difícil escolha. Para prefeito, a maior parte das pessoas ou já fez sua opção ou traçou um caminho a seguir. Para vereador, porém, é a hora… No palavreado maneiro dos cabos eleitorais, agora vale tudo, só não vale perder as eleições.

02. Pois é, nesta hora que o eleitor fica mais exposto — e sofre uma saraivada de informações e contra-informações de levar ao Pinéu o mais sensato dos cidadãos. Justamente neste vácuo entram, atuam os famigerados números da pesquisa eleitoral. Sinceramente, não vejo qualquer utilidade nesses números sempre surpreendentes que são divulgados pelos tais informes dos institutos de opinião. Essa tendência de intenção de voto não traz qualquer informação para o eleitor. Serve, sim, para os tais marqueteiros de plantão balizarem a campanha de seus clientes/candidatos e tentarem novas manobras de convencimento ao público alvo. Candidatos — gosto sempre de frisar — não são produtos que precisam ser maquiados, receber slogans, mostrar ser o que não são. Isso é enganação. Pesquisa é interesse do candidato, não do eleitor — acredite.

03. Outro buraco na água desses tempos eleitorais se viu na noite de segunda-feira na TV: o chamado debate. Virou comédia. Vence quem bolar a melhor
pegadinha para derrubar o adversário. Vale também apresentar um bom jogo de cena, ter estremiliques ou simplesmente evitar confrontos. Em última análise, ter o felling do momento. No estúdios da Bandeirantes, tivemos um pouco de tudo: um ex-presidente visivelmente injuriado, o candidato obreiro, o xerife, o homem que tem a cabeça no lugar, a nova e a velha guarda das esquerdas, um ex-governador-tampão e por aí foi.

04. Um pouco de tudo, como já disse. Só faltou a certeza de que estavam sendo sinceros. E de que tudo não passou de teatro. Ou mais precisamente de um programa de TV.

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