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Doutor, doutor

— Doutor, doutor… este aqui é o meu filho…

A figura grandalhona, sorridente, de extrema empatia popular apertou minha mão. Não estava entendendo muita coisa do que acontecia ao meu redor. Mas, o pai estava feliz como nunca. Eufórico mesmo. Enquanto o Chevrolet preto, pesadão, seguia levando o ilustre doutor Adhemar de Barros, ele anunciava para todos que o futuro presidente havia apertado a mão do garoto.

Devia ter seis para sete anos. Talvez menos. Mas, ainda guardo na memória o Largo do Cambuci parcamente iluminado, mas todo enfeitado com faixas e cartazes do doutor Adhemar. Escapa-me, por motivos óbvios, qual a temática do inflamado discurso. Mas, encantou-me, a ponto de não esquecê-la, a movimentação que antecedeu ao comício. Senhores de terno e gravata — muitos com chapéus — desciam rapidamente dos bondes e lotações para buscar um lugar mais próximo possível ao palanque.

Ao que parece, eram eleições para prefeito de São Paulo e um dos adversários do doutor Adhemar era o senhor Jânio Quadros, que diziam morar num sobradinho da rua Sinimbú, ali nas imediações da rua Lavapés.

Para o meu pai, não havia essa de morar perto ou longe. Era adhemarista convicto (…)

Essa história virou crônica no livro Às Margens Plácidas do Ipiranga (postado aí ao lado), e a recupero hoje para registrar como foi minha estréia no mundo das eleições.

Um dia antes de nova eleição presidencial, busco nas convicções do velho Aldo — erradas ou certas — inspiração para ir as urnas com a certeza de que o Brasil ainda é um País que tem jeito e forma.

Enfim, há que se preservar a esperança…

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