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Leia esta canção 4

“Sonho que se sonha junto é realidade…”

Desde o primeiro momento em que imaginei a reformulação do site, imaginei também um local onde pudesse dar um destaque, mínimo que fosse, a algumas das preciosidades que estão embutidas nas letras da música popular que se faz neste País; sem exagero, a mais rica e saborosa que existe no Planeta.

(A frase ficou grande, mas acho que deu para entender, né?)

Também porque em meio ao ritmo e à melodia, batuques e acordes, não raras vezes deixamos escapar delicadezas poéticas que exprimem sentimentos, universalidades, lições de vida – enfim, verdades raras que se perdem e nos deixam um vazio danado. Outras vezes, ao ouvi-las, nos sentimos confortados…

(Hoje estou derramado mesmo. E a síntese a passar longe de mim.)

E assim temos a linha fina no alto da página como um recado. Um toque sutil. Um bom dia. Sempre a revelar um estado d’alma…

Depois de ficar um tempo ali, no destaque, esse verso vem pra cá. Toda canção é um pouco de nós. Toda canção tem uma história…

Fiz toda essa apresentação para falar de Prelúdio, canção/síntese de Raul Seixas que, em apenas 21 palavras, tem o dom de revelar a utopia dos anos 70, quando o Brasil viveu um obscuro período ditatorial.

“Sonho que se sonha só
é só um sonho que se sonha só.
Mas, sonho que se sonha junto é realidade”.

É isso… Sonhemos, pois. Juntos.

II.

“Pra você que me esqueceu… Aquele abraço”.

Outro verso que encimou nosso site é da canção Aquele Abraço, de Gilberto Gil. Depois de passarem seis meses presos em 69, Gil e Caetano foram libertados pelos ditadores de plantão. Puderam, então, se apresentar no Teatro Castro Alves na Bahia, com um show de despedida, em que arrecadariam fundos para o exílio “forçado” de ambos em Londres.

Tempos difíceis. Mesmo assim o Rio de janeiro continuou lindo para Gil. Na introdução, reverencia Dorival Caymmi, João Gilberto e Caetano Veloso. Depois, cai no samba rasgado, de versos simples a saudar outras manifestações de nossa alegre brasilidade – a torcida do Flamengo, o Carnaval, a moça da Portela, a Bahia que lhe deu régua e compasso. Um assombro que a Censura não pôde segurar, por mais rigorosa que fosse. E lá como último recado, Gil ironiza seus algozes. Inclusive para aqueles que tanto os maltrataram, “aquele abraço”.

III.

“O teu sorriso e teu silêncio serão meus ainda e sempre”.

Da canção Sempre, do novo CD/show Carioca, de Chico Buarque de Holanda.

O autor brinca de desafiar o tempo e a presumível indiferença da mulher amada. Capta o que lhe foi mais característico – o sorriso e o silêncio — nos dias de encantamento, e o transforma em direito inalienável.

A distância, a indiferença, o desamor podem marcar duramente os dias de ausência. Mas, aqueles dons são/serão só dele, “ainda e sempre”.

Coisa de poeta!
Sinceramente, não sei se existem mais amores assim…

Brincadeira, gente…
São raros. Mas, existem. Ainda e sempre.

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