Pois é…
Hoje precisamos falar sério.
Sei que política, futebol e religião são assuntos que geram polêmicas. Discussões sem fim. Altercações. Inimizades e cousa e lousa e mariposa. No fim, todos se atropelam, e ninguém muda de opinião.
Porém, e como dizia Plínio Marcos: sempre existe um porém…
Porém, sou jornalista, de alma lava e enxaguada por 32 anos de praia. E, nessa maromba, sinto-me assim à vontade para meter minha colher de pau nesse angu, exatamente na manhã de sol morno deste domingo, sete dias antes da realização da votação em segundo turno para a Presidência da República.
Explico a razão da minha inquietação. Nossa mídia não está nada bem. Salvo raríssimas e honrosas exceções, os jornalões, as revistas (fora Carta Capital) e uma determinada emissora de TV parecem apostar todas as fichas na candidatura Geraldo Alckmin. Até aí nenhuma novidade.
A imprensa brasileira, grosso modo, sempre se posicionou ao lado dos que estão no Poder, se estes representarem os interesses do que o governador Lembo chamou de "elite branca". Quando não, conspira contra.
Um exemplo de priscas eras: os jornais foram favoráveis ao Golpe de 64. Dois anos depois mudaram de lado. Mas, inicialmente, estiveram entre os conspiradores.
Um exemplo não tão distante: a eleição de Collor em 89.
Um exemplo recentíssimo: a hiper exposição da dinheirama do dossiê para forçar o segundo turno e como essas imagens foram parar nas mãos dos repórteres.
Sei bem que a perfeição é uma meta, como diria Gil. E que isenção jornalística é utopia. Mas, a condição básica do jornalismo se fundamenta no respeito ao direito à informação, inalienável a todo cidadão. A ele, o repórter deve a verdade factual e a crítica independente; não, ao editor estressado ou para ser simpático ao dono do jornal e seus múltiplos interesses.
Esse direito, amigos e inimigos, tem passado a mingua nos noticiários, desequilibrados e tendenciosos.
Comemoraram à exaustão quando Alckmin surpreendeu com uma inaudita agressividade no primeiro debate. Depois se inquietaram com as pesquisas de intenção de votos a revelar que a vantagem de Lula aumentou para 20 pontos.
Agora, insistem, tal cães farejadores, na busca de motivos que possam criar "um fato novo" que vire o jogo. A história do dossiê deu flor, e se esgotou.
Fazem pior: regozijam-se ao escrever, aqui e ali, brandas ameaças de que, mesmo ganhando o pleito, o segundo mandato do governo Lula sequer terá início. Haverá provas que tornem nula a eleição. Portanto, não haverá posse.
Apregoam o golpismo. Tentam sensibilizar as Senhoras de Santana para que voltem às ruas. Ou, não tardam, vão pedir uma nova campanha "Ouro Para o Brasil". Parece-me, clamam pelo retrocesso. Já circulam no Rio de Janeiro carros com adesivos que trazem o slogan: "Chega de roubo. Ditadura Já!"
Pois é…
Não sei se nossa tenra democracia agüentaria o baque. Não sei se é hora de se ‘brincar’ com a legitimidade das Instituições. De apostar no quanto pior melhor.
Numa guerra prolongada – insisto – todos perdem…
Senhores, outra inquietação me devora a alma nesses dias. Será que os tucanos querem mesmo a Presidência agora? Então porque não sairam com José Serra como candidato? Tem mais lastro, experiência como ministro, boa performance na capanha presidencial de 2002 e depois venceu toda a máquina petista em 2004. Tem presença marcante na história da redemocratização do País…
Enfim, deixemos de perolações e aproveitemos o domingo. Mas, tal e qual os escoteiros: sempre alerta!