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Me fale de você

Um fim-de-semana de estrada,
e chuvas… Ninguém merece…

Tenho uma proposta.

Me fale de você…

É…

Conte-me três histórias. Breves, brevíssimas…

Uma que você viveu…

Outra que observou…

Uma terceira que gostaria de ter escrito…

Vou dar o exemplo, e lhe contar as minhas…

I.

Aconteceu ano passado. Fui à pré-estréia
de um dos filmes de Woody Allen.
"Igual a tudo na vida", se não me engano.

Sessão da meia-noite.
Fiquei na fila, quietinho à espera
da saída do pessoal da sessão das 10.

Nesse entra-e-sai de gente,
dou de cara com uma aluna e
o namorado que, digamos, deixava muito
a desejar no quesito beleza…

Isso aconteceu de sexta para sábado.
Na segunda, a moça me encontrou na
universidade – e foi logo perguntando:

– Professor, você viu o meu namorado?

Não resisti à tentação, e respondi:

— Não, minha filha, eu vi o seu desespero…

II.

Juro que é verdade.

Um dia, vi a Mãe Diná, aquela famosa pitoniza,
perdida em meio à platéia do Teatro Gazeta.
Estava atarantada atrás do número de sua poltrona.
Precisou da ajuda da recepcionista,
que indicou o lugar certo.

A partir daí, não acredito mais em previsões…

Concordam?

Se ela adivinha tudo, devia saber onde sentar, oras…

III.

"Quem sabe
O super­homem venha nos restituir a glória
Mudando como um Deus o curso da história
Por causa da mulher ".

Superhomem, a canção – Gilberto Gil

Gosto daquela cena de um velho filme
do Superman: o herói faz o tempo
retroceder para ter nos braços a mulher que ama…

Inspirou Gil no verso acima.
A mim, serve diariamente.
De encantamento e consolo.

Em vão, tento reescrevê-lo.

(* Amanhã, o fechamento da série O futuro do jornalismo.)

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