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Leia esta canção 6

"Foi um rio que passou em minha vida.
E meu coração se deixou levar."
(Paulinho da Viola)

Um dos versos mais bonitos – e inesperados – de um dos sambas mais bonitos – e esperadíssimo – da música popular brasileira.

Paulinho era considerado um jovem promissor sambista, da melhor estirpe poética. Um sucessor de Cartola. Em 1969, venceu o último festival da TV Record, com a tocante "Sinal Fechado". Eram tempos obscurantistas, de angústias e o cala-boca inefável da censura. "Sinal Fechado" é a melhor tradução daquela época. Aqui, o atento cronista se faz presente e supera o sambista.

Na verdade, Paulinho estava sob suspeita. Ao lado do parceiro Hermínio Bello de Carvalho, fez um samba bonito "Sei lá, Mangueira", ainda nos tempos em que participava de shows improvisados no restaurante Zicartola.

O sambista era portelense de coração. Mais do que isso, pertencia a ala de compositores – na verdade, era o mais novo integrante da turma de venerandos da Portela. Como falar bem da escola rival? Ele precisava se redimir e responder, com um samba, aos que desconfiaram do seu amor pela azul e branco.

Assim nasceu "Foi Um Rio Que Passou em Minha Vida".

O samba participou da Feira Permanente da Música Popular Brasileira, um festival da TV Tupi que não chegou ao fim. Acontecia todas as segundas-feiras no Teatro Brigadeiro e escolhia-se a vencedora do mês. Paulinho venceu a etapa de outubro – estava classificado para a final. Em segundo lugar, ficou "Bebete Vãobora", de Jorge Ben, a outra classificada.

No mês seguinte, inverteram-se os papéis. Paulinho ficou em segundo com "Nada de Novo", um samba belíssimo e esquecido. Benjor ficou em primeiro, com "Que Maravilha", parceria com Toquinho.

Em dezembro, o festival, com direção de Fernando Faro, acabou por falta de patrocínio. Mas, fez história. E que história!

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