Uma adaptação on-line para
a canção “Sinal Fechado”,
de Paulinho da Viola…
Ele:
— Será que essa mensagem de náufrago
lançada dentro de uma garrafa virtual
vai chegar até você?
Ela:
— Mensagens sempre chegam aos seus
destinos. Não importa o meio que se use…
Ele:
— Ontem queria conversar. Falar e ouvir.
Mas, não aquelas bobagens que todos
conversavam alegremente…
Ela:
— Percebi mesmo que estava perdido
entre os rostos, risos e idéias da turma…
Ele:
— Ando avulso de sonhos e alguma
ilusão. Coisas que para mim são vitais
para tocar a vida e ver estrelas…
Ela:
— Difícil, mas não impossível ficar avulso.
Na maioria das vezes, é até melhor…
Ele:
— Estava apenas fisicamente ali.
Dorido e vagamente cínico, como
naquela canção do Alceu Valença:
"Na primeira manhã que te perdi,
acordei mais cansado que sozinho…"
Ela:
— Conversaremos, então.
Sempre que quiser…
Ele:
— Eu e minhas encrencas. Enfim.
Foi só um desabafo solidário
e um "estamos aí"…
Ela:
— Retribuo o "estamos aí"…
Ele:
— Mudando de assunto. E aí…
Já em preparativos para rasgar
sonhos e fantasias???
Ela:
— Tudo pronto. Já vesti minhas melhores
máscara e fantasia. Pronta para mergulhar
nas emoções efêmeras do carnaval….
Ele:
— Ah! Então, então…
Estamos aí!
Ela:
— Estamos aí.
Beijos.
Ele:
— Beijo.
E nunca mais se viram ou se falaram. Sequer email trocaram. Mas, é inevitável. Vez ou outra, ele olha o visor do celular e procura o número dela; que nunca mais apareceu. Ela liga o computador e arregala os olhos para ver se há alguma mensagem dele ali. Diante do não, ambos disfarçam. E fazem de conta que não pensaram aquilo que pensaram.
— Estamos aí, repetem baixinho e se conformam.
Orkut, ele não tem.
No MSN, ela nunca mais deu as caras…
Mas, é certo: estão pela aí.
Em cada um de nós…