Uma aluna vai entrevistar o grupo The Jordans para o trabalho de conclusão do curso de jornalismo da Universidade Metodista. Me surpreendo com a lembrança e quero saber como os encontrou. Em troca, ela me pede uma orientação para guiar suas perguntas no encontro. Entro no túnel do tempo. Respondo a ela e a vocês.
The Jordans foi um dos principais grupos da Jovem Guarda, programa que Roberto Carlos comandava aos domingos na TV Record, ao lado de Erasmo e Wanderléa. Os rapazes do Jordans tinham um diferencial. Faziam um competente rock instrumental bem ao estilo anos 60, que animava as festinhas de garagem. Os chamados bailinhos – quem tem mais de 50 sabe bem o que estou dizendo.
A gravação mais famosa da troupéveio da trilha do filme Dr. Jivago – “Tema de Lara” – e ficou em primeiro lugar na parada de sucesso por meses a fio, o que era raro. Só as canções de Roberto conseguiam tal proeza.
Suas apresentações – e ainda hoje é assim – tinham como base a música instrumental. Não lembro de que havia o que hoje chamam de vocalista – à época, era crooner mesmo – entre eles.
O Jordans dividia o palco da Jovem Guarda com outros ‘bambas’ do rock nativo, The Jet Blacks, e acompanhavam parte dos artistas que se apresentavam nas velhas tardes de domingo.
Talvez seja preciso lembrar que os cantores não tinham bandas próprias. Então precisavam de um conmjunto de apoio. The Fevers e Os Brazas também ocuparam, posteriormente, o mesmo espaço. Foi no grupo gaúcho Os Brazas que Luiz Wagner, o guitarreiro, começou sua carreira e depois enveredou pelo samba-rock.
Havia outros grupos famosos. Os Incríveis, por exemplo. Responsáveis por uma canção emblemática daquele conturbado tempo: a versão “Era Um Garoto Que Como Eu Amava os Belatles e os Rolling Stones”, que narrava a trágica história de um rapaz que morreu na guerra do Vietnã. No começo da carreira, chamavam-se The Clevers, mas brigaram com o empresário Antônio Aguilar, que os lançou no programa Ritmo da Juventude da extinta TV Paulista, e perderam o direito de usar o nome.
Aguilar lançou outro grupo que denominou de Clevers, mas não emplacou.
Deixei propositalmente para o final o mais popular de todos os grupos de então, Renato e Seus Blue Caps. O conjunto carioca, comandado por Renato Bastos, era especialista em gravar músicas dos Beatles em versões ingênuas e sofríveis – mas inesquecíveis.
"Menina linda, eu te adoro.
Menina pura como a flor ouououou…
Sua boneca vai quebrar aaaaah…
e vencerá o nosso amor… o nosso amor."
A adaptação de "I Should Have Known Better" foi um sucesso.
“Até o Fim”, “O Meu Primeiro Amor” e “Feche os Olhos” estão entre as relíquias que tocavam sem parar nas rádios, animavam programas de TV e vendiam discos e mais discos. Em compacto simples, compactos duplos e LPs. Sucesso atrás de sucesso. Mesmo assim, creio, nenhuma delas superou “Tema de Lara”. Mas, todas, todas embalavam nossos tolos sonhos juvenis.
Alguns se perderam nos passos do caminho. Outros, ainda insistimos em sonhar…