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A camisa do Faustão (3)

Então, naquele dia, não me restou outra alternativa. Vesti a tal camisa, parecida com a que o Faustão usou domingo, e lá fui eu rumo ao Teatro Záccaro, participar do Programa do Záccaro, ser entrevistado pelo Maestro Záccaro…

Esperar hora e cacetada pelo início das gravações não foi tão ruim. Ser tratado como uma peça cenográfica (espere aqui, sente ali, não olhe para a câmera, sorria etc) pela produção, também não. Diria que foi uma bíblica lição de humildade. Afinal, ficou claro para mim, naquela hora, que ali éramos todos iguais – menos o pessoal da produção (que dava ordens pra lá e pra cá), o saudoso maestro, o Biquíni Cavadão, a Daniela Mercury (em início de carreira) e um misterioso senhor com ares de ‘cientista-maluco’.

Antes de continuar, devo explicar a estrutura do programa – aliás, sem nenhuma novidade. Repetia a fórmula que a dupla Aírton e Lolita Rodrigues consagraram nos primórdios da TV brasileira, com os clássicos Clube dos Artistas e Almoço com a Estrela. Nada, nada o que a Globo reviveu recentemente com a Pizzaria do dito-cujo Faustão.

O do Záccaro era assim. O cenário reproduzia um restaurante com várias mesas, onde entrevistados e figurantes ficavam à espera de um prato de macarrão frio e da entrevista conduzida por quem? Isto, amigos: pelo maestro Záccaro. O próprio e sua orquestra – uns dez músicos ou pouco mais – eram responsáveis pelos trilha sonora em italiano. Naquela inesquecível manhã, lá estavam mais duas atrações: o Biquíni Cavadão para assassinar a benjorniana “Chove Chuva” e a então promissora Daniela Mercury que, esperta, cantou seu hit e deu no pé. Tinha outros compromissos…

Desculpa que, aliás, não pude dar. Também não seria preciso. Se fosse embora, de fina, lá do fundão do cenário, ninguém notaria. Mas, não ficaria bem comigo mesmo e, principal-mente, lá na redação, não perdoariam. As gozações seriam implacáveis.

Por isso, resisti altivo no lugar que me coube no cenário. Vira e mexe um dos câmeras dava um recorte da gente. Ora em possíveis conversas animadas entre convidados e figurantes – na verdade, estávamos dublando a nós mesmos, pois não poderíamos atrapalhar o som guia do microfone do maestro-apresentador. Ora esgrimindo os talheres frente aos renitentes macarrões quase sem molho nenhum – para evitar desastres e desastrados. Ora balançando a cabeça como se estivéssemos acompanhando as canções.

Mesmo há 15 anos atrás preciso ressaltar que já tinha vivido as experiências mais diversas como repórter e também como pessoa, por isso, querem saber, deixei no automático: relaxei e fiquei na minha. Para mim, estava tudo muito bom, estava tudo muito bem…

Até que um bando de animais começou a invadir o palco…

Voltem amanhã para saber por quê?

Prometo terminar de vez a saga da camisa azul marinho, com arabescos em verde, vermelho e alaranjado…

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