O professor Egon Chaves,
dos meus tempos de estudante,
deu uma resposta sumária
que até hoje guardo
como lição de vida.
Aliás, em tempos como
os atuais, é das que mais tenho
repetido aos jovens – e, via de
regra, também a outras pessoas.
Eu estava por um triz
em sua disciplina.
No limite do número de
presenças permitido pela
regimento da Escola de Comunicações
e Artes da Universidade de São Paulo.
Se faltasse mais uma vez,
babau o semestre.
Fui conversar com o professor.
Queria lhe explicar,
e pedir compreensão e tolerância.
Afinal, morava no Ipiranga,
estudava na Cidade Universitária
e trabalhava na periferia de Guarulhos
num bairro chamado Jardim Moreira.
Não tinha carro.
Todo esse ir-e-vir era feito de
ônibus e imprevisíveis caronas.
Esperei por ele no corredor da ECA.
Ele não me deu atenção.
Disse para que o procurasse
a tantas horas em sua pequena
sala ao lado da secretaria
do curso de Jornalismo.
Lá, fui eu…
— Então, professor, como o
senhor pode ver: em função
disso tudo, às vezes, pode
acontecer de eu me atrasar
ou mesmo faltar em função
do trânsito ou outro
compromisso qualquer.
Mesmo uma eventual gripe…
O professor foi prático na resposta.
— Respeito suas escolhas, rapaz.
Faça o que achar mais conveniente.
Todos temos nossas prioridades.
Mas, se você não estiver em sala
de aula, sou obrigado a lhe dar falta.
Percebi a coerência da argumentação
– e que não conseguiria dobrá-lo.
Agradeci e, ao sair, ainda ouvi
a recomendação derradeira.
— Rapaz, somos nossas escolhas.
Mas, se não nos cuidarmos,
seremos mesmo a conseqüência
dos nossos equívocos.