Ah! Este Senhor de Todos
os Destinos chamado Tempo!
É implacável.
Soberano em seu passar.
Não pára no porto.
Não apita na curva.
Não espera ninguém…
Abro a net hoje e leio sobre
a renúncia de Fidel Castro.
De imediato, entendo que
não há como fugir deste tema
para o post de hoje.
Mas, o que dizer?
A melhor definição que ouvi
sobre Fidel e Cuba – nos últimos
40 anos falar de um é o mesmo
que falar do outro – foi a do
jornalista e escritor Fernando Morais.
Antes de mais nada, vale explicar
que Morais fala com a autoridade de
quem escreveu o best-seller A Ilha ainda
em pleno período ditatorial brasileiro.
Este livro-reportagem sobre Cuba
mudou a vida do jornalista.
Abriu espaço para o político
– Morais foi deputado estadual por duas
legislaturas e secretário estadual
de Cultura – e posteriormente para
o escritor de obras imprescindíveis
como “Olga”, “Chatô” e “Corações Sujos”.
Ainda quando deputado, Morais
cansou de ser acusado, por alas mais
reacionárias da Assembléia, de
ser “um agente de Fidel Castro”.
Tempos da chamada Guerra Fria
entre EUA e União Soviética,
não havia como ficar no muro.
Ou se era por um lado,
ou se era por outro.
Mas, deixemos de ora pois
e vamos à definição que ouvi
há coisa de ano ou ano e meio.
Em uma entrevista, o escritor foi
questionado, mais uma vez,
por sua simpatia a Fidel e Cuba.
O entrevistador lembrou as
violações aos direitos humanos
na Ilha, a execução de renegados,
o atraso tecnológico e social
a que os cubanos estão relegados,
a carestia em que vivem etc.
Sem alterar o tom de voz,
Moraes respondeu que também
achava condenável tal situação.
No entanto, fez questão de
contar uma breve história,
uma brevíssima história
que reproduzo a seguir:
Quando se chega em Havana,
logo à saída do aeroporto, o turista
vê um envelhecido out-door,
de cores esmaecidas e letras
imprecisas. Quem firmar os olhos,
com uma mínima vontade de entender
o que ali está escrito, lerá:
No mundo hoje, existem
500 milhões de crianças que
não têm escola, assistência médica.
Não tem onde dormir, o que
comer ou o que vestir…
Nenhuma delas em Cuba.