Nem sei se a Menina do Cabelo Vermelho ainda me acompanha nesta história. Que aliás só voltou à minha mente quando a jovem me confessou de suas inquietações entre ir para Londres como engendrou ou retomar o antigo namoro…
Lembrei da história de Paula e Bebeto que hoje, quatro posts depois, prometo terminar.
Continuemos, pois.
Quando Paula acordou naquela manhã e leu o bilhete sentiu-se sem chão. Entendeu o tamanho da encrenca e a decisão de partir não lhe pareceu tão nobre assim.
— Danem-se o que todos vão pensar.
O impulso de sair atrás de Bebeto foi incontrolável.
Era o que faria não fosse a invasão de familiares e amigos que acorreram ao apartamento para desfrutar daqueles últimos momentos antes da viagem. Todos estavam dispostos a lhe ajudar nos ‘finalmentes’ antes do embarque. Todos vieram lhe desejar felicidades ressaltar a oportunidade única em sua vida: morar em Paris, estudar na Sorbone. Que menina de sorte!
Tudo o que Paula queria, naqueles instantes, era saber de Bebeto – que, de resto, para o grupo ali era coisa do passado.
— Ainda bem que você se livrou daquele traste, disse-lhe o pai.
Paula baixou os olhos e foi sentar-se perto do aparelho do telefone.
Enquanto isso, Bebeto olhava o mar.
Saíra sem destino do apartamento. Olhos inchados da noite mal dormida, dirigiu sem rumo pela cidade. Até que afoitamente deixou-se levar pela estrada que lhe apareceu pela frente e o levou até o Litoral.
Tinha certeza que, se ficasse em São Paulo, não se controlaria. Correria para o aeroporto, perderia o controle, faria cena para impedir a partida da moça. Tentou se conscientizar: no fundo ela tinha razão.
— Vai ser bom para os dois, conformou-se.
No aeroporto, rodeada pela turma, Paula sorria sem graça. Ansiosa, olhava para os lados e, até o último momento, esperou por Bebeto. Se ele aparecesse, tinha a convicção: não teria partido.
Mas, Bebeto só soube disso meses depois. Ele próprio foi para Paris reencontrar Paula e jurar amor eterno. Foram dias maravilhosos, mas Paula – que menina! – preferiu ficar…