“Blogar é um vício. E tenho dito”.
Foi o recado que Bárbara deixou ontem no blog do Uol.
E eu (que ando tão sem assunto às voltas que estou com a lida da Universidade) não tive dúvidas em deixar que esse mote me inspirasse as linhas que se seguem.
Explico.
A Bárbara é uma querida aluna que, depois de se formar, virou uma querida amiga virtual. Vez ou outra deixa um comentário simpático nos posts que escrevo. Bem ao contrário deste ermitão sem talento que não deixou sequer um olá no blog que ela mantém. Tenho como desculpas a minha proverbial timidez e a absoluta falta de jeito para mexer com essas modernidades.
Mas, há uma coincidência que faço questão de ressaltar. O "tenho dito" de Bárbara me fez lembrar que Dito e Feito era o nome da coluna de crônicas do escritor Fernando Sabino. Saía semanalmente nos jornais do Rio, e era uma felicidade acompanhá-lo em suas aventuras. Muitos desses textos foram incorporados à sua obra literária depois de publicados em papel jornal. Não preciso dizer – mas, digo –que Sabino foi referência a muitos jornalistas minha geração.
Eu sou um deles.
A bem da verdade, sou um privilegiado. Recebia as colunas em primeira mão aqui em São Paulo. Como? Pura sorte. No início dos anos 80, o jornal em que eu trabalhava acertou um contrato com uma agência de notícias para publicar as maravilhas de Sabino na Capital paulistana. Sobrou para mim a tarefa de editar a coluna Dito e Feito. Eu deveria ler o texto (oba!), contar o número de linhas para saber o espaço que ocuparia e ajeitá-la para a diagramação. Sempre lhe arranjava um espaço nobre, para deleite do leitor.
Querem saber?
É um pouco isso que a Bárbara faz no Uol hoje. Só que no lugar do envelope que eu recebia, com as três laudas da coluna dentro, ela faz intermediação da centena de posts que chegam à tela do seu computador e são veiculados no portal. Imagino que ela dê uma conferida para ver se não há nenhuma bobagem absurda por ali e escolhe os que mais interessam à audiência para chamar na home dos blogs, além de sugerir alguns para os editores da home do Uol.
Disse lá em cima que sou um privilegiado e agora vocês sabem o porquê. Lia semanalmente a coluna do Sabino e me deliciava, além de aprender que texto jornalístico não é apenas técnica; pode ser também emoção e criatividade.
Uma observação. Não tolerarei neste blog comentários do tipo "Tadinha da moça, é obrigada a aturar diariamente esse mala". Aviso logo: meu nome não é Primícia, Sansonite ou coisa do gênero. E tenho dito e feito…