Queiram ou não os reticentes, blogar é uma arte.
Diria que é um tanto de arte, outro tanto de compromisso…
Pois, todo dia é dia de…
Mas, há que se dizer, é muito divertido.
Não sei se para quem lê…
Mas, para quem escreve – ou posta, como manda o internetês – é bem legal.
Cabe um pouco de tudo no bornal do blogueiro.
Ontem, na cara dura, tasquei uma foto antiga de quando eu tinha sete anos – não sei se viram? – e o Brasil se tornou campeão mundial de futebol pela primeira vez.
Também comemorei os 600 posts – o que achei um acontecimento.
Hoje, descubro no São Google um texto brilhante do amigo Waldemar Luiz Kunsh sobre os motivos que o levaram a cancelar sua assinatura da revista Veja. Ele cita falas de notáveis jornalistas – e entre eles, este mero repórter vira-lata. Quanta honra…
Óbvio que não resisto e transcrevo abaixo trechos do texto que Waldemar escreveu em março de 2006. Mas, que me parece bem atual.
Confiram!
II.
O texto:
Vale acrescentar aqui considerações anotadas a partir de relatos de notáveis jornalistas na IV Semana de Jornalismo, realizada na Universidade Metodista de São Paulo de 20 a 22.09.2005, em comemoração ao 30º. aniversário do assassinato de Wladimir Herzog – por sinal, diretor da TV Cultura à época. Disse, no evento, Marcelo Beraba, ombudsman da Folha de S. Paulo:
— Se formos discutir os vários problemas que assolam a imprensa e contribuem para um questionamento em relação à sua credibilidade, veremos que o ponto fundamental é a questão da apuração da informação. Apuramos muito mal.
Para José Hamilton Ribeiro, é necessário ter vocação para fazer um verdadeiro jornalismo investigativo. “
— A pessoa que tem vocação para ser jornalista vai ser jornalista – e dos bons. É uma profissão de competição, de muita cobrança. O erro do jornalista é mais visível, fica escancarado. Mas, havendo vocação, o resto é fácil.
Comentando os resultados da IV Semana de Jornalismo, Rodolfo Martino, coordenador do Curso de Jornalismo da Metodista, pondera:
— A lembrança e discussão do caso Herzog trazem à tona uma realidade distante das novas gerações – sejam estudantes de jornalismo, sejam profissionais recém-formados. Esta tônica trata das implicações sociais e transformadoras que acarreta o exercício da profissão.
Para Martino, “hoje o glamour de ser jornalista está em alta – muito provavelmente, a partir da notoriedade que a televisão consagra a quem apareça na telinha, seja apresentando um noticioso, seja como participante de um abominável reality show”.
E acrescenta:
“Talvez por isso os profissionais de imprensa estão mais preocupados com a ascensão social e financeira ( nenhum demérito nisso, aliás ) do que propriamente com as funções crítica e fiscalizadora que todo e qualquer jornalista deve exercer”.
Ainda segundo Martino, “as intervenções dos jornalistas convidados para o evento puderam, de certa forma, assinalar o peso da individualidade na tarefa de alargar os limites que o mercado muitas vezes nos impõe. Ficou claro para os estudantes: essa marca só é possível mediante competência técnica e uma sólida formação cidadã e contemporânea”.
Concluo este e-mail com as revelações feitas, no evento da Metodista, por Mino Carta, hoje diretor de Redação da excelente revista Carta Capital e que, no passado, foi responsável pela renovação editorial e visual da revista Veja. Diz ele, relembrando o caso Herzog.
— Tive um grande envolvimento com este episódio. Entendi ali que o país precisava de um jornalista e não apenas de um profissional de imprensa.
Rodolfo Martino lembra, a propósito, o que o notável jornalista registrou em seu livro Castelo de Âmbar, na pele de Mercúcio Parla:
— A morte de Wladimir Herzog é o ponto de ruptura. Mino sabe que a sua concepção de jornalismo já não se justifica à sombra da arvorezinha, símbolo da Abril, e o impele na direção de outras experiências.