Marta Suplicy foi eleita prefeita de São Paulo, em 2000, após derrotar o competente Paulo Maluf – “aquele compete, compete, compete…” – no segundo turno por ampla vantagem de votos.
Além da piada acima, feita na ocasião pelo então líder do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, algumas curiosidades marcaram aquele pleito. Creio que a mais relevante foi a decisão do governador Mário Covas em dar apoio incondicional à candidatura de Marta, àquela altura um nome relativamente novo no cenário político nacional.
Explica-se a relevância.
No primeiro turno, o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, quase chegou lá. Teve um bom desempenho, com aproximadamente 900 mil votos. Ficou em terceiro, atrás de Maluf por uma diferença ínfima de cerca de 40 mil votos.
Até por força dessa expressiva votação, era fundamental a participação dos tucanos que, de resto, e por uma característica inerente ao partido, hesitavam.
A bem da verdade, sobraram farpas ao longo do primeiro rounde da campanha entre petistas e pessedebistas. As pendengas remetiam ainda às eleições de 98. Os institutos de pesquisa anunciaram no dia da votação que Marta, também candidata ao Governo, não tinha quaisquer chances de ir para o segundo turno. Maluf liderava os indices e os anti-malufistas descarregaram seus votos em Mário Covas, consagrando o voto útil.
Após a apuração, a votação de Marta supreendeu. Faltou pouco para superar Covas, o anti-Maluf.
No entender dos petistas, foi um equívoco premeditado – o que comprometia a lisura da vitória de Covas.
Os tucanos não gostaram, óbvio. E demoravam a manifestar de que lado estariam.
Foi então que Covas veio a público e, no melhor estilo, pôs fim à celeuma. Apoiaria Marta por um motivo simples. Sempre que Maluf estivesse de um lado, ele, Mário Covas, e o PSDB estariam do outro.
Básico…
Divertido nesta eleição foi ouvir a esfarrada desculpa de Maluf para continuar competindo. Lembram que ele dissera que, se Pitta não fosse um bom prefeito, ninguém precisaria votar em Paulo Maluf?
Pois é…
Agora ele justificava a candidatura dizendo que os paulistanos precisariam elegê-lo para que pudesse corrigir os erros de seu ex-afilhado, Celso Pitta.