Eu vou torcer pela paz.
Vou torcer por Obama.
Preciso lhes dizer.
Sou de uma geração que não morre de amores pelos Estados Unidos.
Ao contrário.
Do bloqueio a Cuba à matança no Vietnã, todos os males do mundo partiam das terras de Tio Sam.
Era assim que entendíamos – e tínhamos lá nossas razões.
Para a geração dos anos 70 como eu, as ditaduras nasciam nas pranchetas da CIA e se consolidavam nefastamente nos mais distantes rincões das Américas.
Lembro de um grande amigo, o saudoso Tonico Marques. Jurava por todos os santos – mesmo sendo comunista, de carteirinha – que fazia parte da estratégia americana a construção da Transamazônica a cortar todo o norte brasileiro. Em meio a selva, a estrada tinha pista com 70 metros de largura e ele nos dizia:
— Pra quê?
E ele próprio respondia:
— Para servir de pista de aterrissagem de caças americanos em caso da necessidade de combater uma eventual guerrilha no interior do País. Alguém duvida?
No fundo, achávamos um exagero. Mas, por via das duvidas, desconfiávamos.
Marques era um jornalista bem informado. Mas, vermelhinho, vermelhinho, como se dizia então.
Marques era outro dos meus gurus na redação. Por isso, fico pensando o que ele acharia da vitória de Barak Obama na eleição presidencial americana. Será que, como a maior parte do mundo, estaria esperançoso?
Ou será que, desconfiado que só, tentaria descobrir o que está por trás de mais esta “armação” ianque?
É inegável que o Barak tem estilo e carisma.
Que tenha também o espírito de libertação de Zumbi.
A coragem olímpica de Jesse Owen.
A persistência de Nélson Mandela.
Os sonhos imorredouros de Luther King.
A genialidade de Pelé.
A alegria de Marley, Benjor, Tim e Simonal – que ninguém é de ferro.
A exuberância de Gil.
A estrela de Lewis Hamilton.
Que seja o profeta dos novos tempos…
Por isso, vou torcer por Barak Obama da Paz…