por José Hamilton Ribeiro
Caros formandos, meus colegas
Eu estava ontem à noite ajeitando a minha roupa para a festa de hoje com vocês quando, impulsionado pelas ciladas da vida, precisei levar às pressas minha mulher para o hospital. O susto maior passou mas ela ainda está em dificuldade.
Vocês imaginam que meu ânimo não seria o melhor para estar aí agora…
Não fosse isso, eu estaria , todo faceiro, agradecendo a deferência que vocês tiveram comigo ao me convidar para compartilhar esse momento por certo inesquecível.
E estaria dizendo que vocês, hoje, estão entrando para uma profissão concorrida, de mercado restrito e competitivo, em meio a fogueiras de vaidade. Como em outros ofícios, também no jornalismo sucesso só vem antes do trabalho, no dicionário.
Digo sempre, porém, que a pessoa devidamente vocacionada, e que ponha energia e entusiasmo na profissão, arranja um bom lugar nessa nossa tribo inquieta e um tanto angustiada. Não conheço nenhum jornalista com essas condições que tenha ficado no fundo do vale.
Conheço duas interpretações sobre o jornalismo, uma francesa – irónica; uma italiana, galhofeira.
Apoiando-se no fato de que grandes empresários, lideranças políticas, escritores-campeões e chefes de Governo começaram como jornalistas – Winston Churchil foi repórter de guerra, Machado foi revisor, até o Sarney foi rato de redação – os franceses dizem assim:
“Jornalismo é a melhor profissão para se sair dela…”
Já os italianos pensam (desculpem se meu italiano não está perfeito):
Farei il giornalista é fastidioso ma é meglio di lavorare…”
(Ser jornalista é maçante mas é melhor que trabalhar…)
Quando digo isso no meio de colegas, levo bronca:
” O que é isso?! Jornalista trabalha e é muito!”
A questão básica é vocação.
Por certo aquelas celebridades que citei lá atrás não eram devidamente vocacionadas.
Nessas duas definições, não fico nem com a francesa nem com a italiana.
Acho jornalismo uma profissão importante, de grande relevância política , e que tem uma dependência básica: a liberdade, a democracia. Em países totalitários – de direita ou de esquerda – não existe jornalismo, como não existem dignidade e direitos humanos fundamentais.
Então, Viva o Jornalismo! Viva a Liberdade!
(E que vocês vejam realizados os melhores sonhos de emprego e de salário!…)
Um abraço, do José Hamilton Ribeiro