Ela invadiu os meus sonhos desta noite como invadiu minha vida tempos atrás.
Não pediu licença, nem fez cerimônia. Como sempre, sorria. E o sonho se iluminou como a montanha se revela e se faz encantada e encantadora ao sol de cada manhã.
Não entendi (aliás, como não entendo tantas e quantas coisas da vida) o porquê desse breve e ilusório retorno.
Confesso: fiquei feliz.
Aliás, posso reclamar de tudo na vida, só não maldigo o tempo da gente: sofrido, tempestuoso, imprevisível, desencontrado – mas estranhamente feliz.
Éramos e não éramos.
Luz e sombra.
Sim e não.
Tudo e nada.
Sentimentos difusos, intensos, plenos.
A bem da verdade, nunca soube explicar o quê efetivamente vivemos. Nem cabe agora, creio eu, revisitar a saudade do que não fomos ou reviver os melhores momentos que não tivemos.
Lembro-me que, como personagem do próprio sonho, só me ocorreu de repetir a pergunta que sempre fiz e ela nunca respondeu:
— Somos pra valer? Ou melhor, éramos pra valer?
— Bobinho, só vim lhe ‘pregar’ um 1º de abril. Me atrasei um tantinho. Cheguei um dia depois. Você perdoa?
Perdoei, como sempre fiz. Linda e travessa, ela nunca soube o que é amar.
FOTO no blog: Jô Rabelo