Ontem tive um dia particularmente cheio.
Fiquei todo o tempo longe do computador e, conseqüentemente, das notícias.
Portanto, só fui me informar pelos telejornais de fim de noite – e quase não acreditei.
O político mais popular do mundo chamou o presidente do Brasil de “o político mais popular do mundo”.
— Esse é o cara! Eu adoro esse cara!
Esse Obama é mesmo um Barak!
Tirou uma chinfra com o presidente Luiz Ignácio Lula da Silva e, de barato, se espalhou à vontade no encontro do G20 em Londres.
É, amigos…
Quem tem tem. Quem não tem não se conforma.
Foi um inequívoco gesto de cordialidade, e simpatia. Mas, convenhamos, há um tanto de interesse na manifestação.
Obama anda pela a Europa – hoje está na França – para consolidar a aura de “nova era” que marcou sua eleição e chegada ao poder nos Estados Unidos. Além do que, com o charme e a elegância que lhes são peculiares, quer resgatar a credibilidade do cargo que ocupa após a desastrada passagem de Bush. Na esteira desses encontros informais ou não, mostrar a todos quem é (e será) o maestro das orquestrações para controle da crise econômica que, digamos, se espraia em âmbito planetário. Elogiou Lula, deixou-se fotografar com o italiano Berlusconi, trocou sorrisos e acenos com o mandatário russo Dmitri Medvedev e por aí foi…
Tudo por uma boa “caussa”, como diria o amigo Chalitta, com seu inequívoco sotaque libanês.
Especificamente quanto a Lula, há outros motivos para a rasgação de sedas.
O principal deles é mostrar ao mundo que Lula é o interlocutor para assuntos globais em relação à América Latina, o que significa um emblemático “abaixem a bola, rapazes”, para Chaves, Morales e congêneres. O outro bom motivo é enaltecer (queiram ou não os habituais detratores de Lula) a correção da política econômica praticada pelo governo brasileiro nos últimos anos. Não sou o ‘rei da cocada’ no assunto, mas é notório tratar-se da política adotada por governos anteriores que Lula e o PT tanto combateram quando estavam na Oposição. Um ajuste aqui. Outro ali. Dá-se a impressão que tudo irá mudar para tudo ficar na mesma.
Ops, sou apenas um repórter vira-lata. Não faço aqui a crítica pela crítica. Apenas a constatação que não é só minha. E que divertiu Obama e o primeiro ministro britânico Gordon Brown. Durantea entrevista coletiva em Londres, que partilhou com Obama, Brown não resistiu e contou o que ouviu do próprio presidente Lula quando esteve no Brasil recentemente.
— Estive a semana passada no Brasil e acho que o presidente Lula vai me perdoar por citá-lo. Ele me disse o porquê não acha necessário procurar os culpados pela crise: “Quando eu era sindicalista, culpava o governo. Quando eu era da oposição, culpava o governo. Quando me tornei governo, culpei a Europa e os Estados Unidos…”
Obama, que é um Barak, apenas riu.
Este, sim, é o cara. Mas, o Lula está na área…
FOTO no blog: Jô Rabelo