Sign up with your email address to be the first to know about new products, VIP offers, blog features & more.

Mudem a senha, passem a tranca

Passei vinte e tantos anos a escrever uma coluna semanal sobre assuntos políticos.

Às vezes, dava uma trégua. Fugia para outros temas – música popular, futebol, um ou outro perfil. Ou qualquer assunto corriqueiro.

Mas, preferencialmente era meu dever destacar no jornal o principal assunto da semana. Que, via de regra, vinha da política.

A contragosto aprendi, que a tal arte do possível, como dizia o então governador Franco Montoro, é na verdade um grande jogo de faz de conta. E que, por mais que girem os peões, e que tudo parece mudar, as coisas – e as personagens – permanecem as mesmas.

E todos, os privilegiados, os mesmos de sempre, se dão bem.

Fiquei um tanto enfastiado da temática.

A gente escreve, escreve…

De repente, lá está o Lula a abraçar o Collor assim como, lá atrás, o FHC acertou-se com Maluf para se reeleger no primeiro turno, em 98.

Por isso, hesito em falar de política no mundo encantado do meu blogar.

Mas, às vezes, não consigo. Como hoje.

Quando saí de férias, os desmandos de Sarney eram as manchetes de todos os noticiosos.

Volto – e a esparrela continua.

Sem definição.

Vejo Sarney agarrado à cadeira de presidente do Senado. A enxovalhar o que pensa a opinião pública sobre ele e sua clã, como na velha marchinha de Carnaval:

“Daqui não saio. Daqui ninguém me tira”.

Parece que já assistimos a esse filme.

Collor, Pitta, Renan, ACM, Maluf, Lalau e outros quetais.

Todos com culpa no cartório. A jurar inocência.

No afã de derrubar o “bode” da vez – que, de resto, merece mesmo o tombo e o xilindró -, nem a mídia, nem a tal sociedade organizada raramente conseguem enxergar que a pouca vergonha não se esgota em apenas um nome.

Vai além.

Bem além do que pode imaginar nossa vã sensatez de cidadãos comuns, que pagam os impostos que fomentam tamanha bandalheira.

É difícil conceber que haja alguém de inocente útil nessa história.

Como diz o grande filósofo contemporâneo, o ex-jogador Doutor Sócrates, “é um problema estrutural”.

Por isso, vale ficar atento.

Não basta apenas prender o Ali Babá, é preciso pegar também os outros 40.

E, por favor, mudem a senha e passem uma tranca na tal Caverna do dinheiro público.

FOTO no Blog: Caio Kenji

Verified by ExactMetrics