Marina Silva, Regina Helena, Aécio, Serra, Ciro, Pedro Simon, Cristóvão Buarque, Maluf, Lula, FHC — nunca devemos subestimar as ambições desses três últimos…
Se vivo ele fosse, talvez tivéssemos um décimo primeiro novo na corrida presidencial: Raul Seixas.
Hoje (ou foi ontem?) se completam 20 anos de sua morte.
Quem duvidar que duvide. Mas, em meados dos anos 70, Raulzito lançou-se candidato à Presidência da República na época quente do militarismo. É bem verdade que não havia qualquer chance de ganhar a eleição no malfadado Colégio Eleitoral, de triste e incômoda lembrança. Mas, o baiano de Salvador, parceiro de Paulo Coelho, tirou a sua chinfra. Que, aliás, lhe valeu posteriormente algumas dores de cabeça com os Senhores do Poder.
Roqueiro, falastrão, prolixo, irreverente, mago e magro, profeta do apocalipse, agitador, maldito, maluco-beleza…
Tentar bem que o pessoal tentou rotular e enquadrar Raul Santos Seixas desde seu impactante aparecimento no cenário musical nativo. 1972 e o rockbaião “Let Me Sing” sacudiu a poeira do último Festival Internacional da Canção. Era um deboche rasgado, uma ousadia dançante em plenos tempos áridos da ditadura.
O inconformismo sempre esteve presente na vida e na obra de Raul. Sua morte também não foi diferente. Aconteceu numa segunda-feira, sozinho num quarto de hotel em São Paulo, às vésperas do lançamento do novo disco “Panela do Diabo”, em parceria com Marcelo Nova.
Seria o sonhado recomeço…
Que, de forma mítica e indestrutível, continua acontecendo a cada vez que algum novo maluco-beleza identifica-se com as suas canções e, sem saber exatamente o porquê, pede ao músico de plantão:
— Toca Raul!
Confirma-se a profecia que fez em entrevista a este blogueiro e ao amigo/irmão Clóvis Naconecy de Souza, lá nos mais antigos dos anos, quando éramos jovens e sonhadores repórteres:
— Meu compromisso maior com a sociedade é deixar nela a minha impressão digital. Quero que fiquem sabendo que passei por aqui. Que contribui com alguma coisa. Enfim, que valeu à pena.