Leio nos jornais que os Beatles estão de volta às paradas.
Não poderia ser diferente.
A Capitol Records relançou, com pompas e circunstâncias, os 13 álbuns do mais importante grupo de rock da história – e o inevitável aconteceu.
Outra vez os carinhas de Liverpool ponteiam a lista dos mais vendidos.
Até o fim da semana, bateram a casa das 650 mil cópias.
Nada mal para tempos de crise.
O disco Abbey Road, de 1969, lidera o ranking dos mais mais com 89 mil vendas.
Mas deixemos números e cifras de lado.
Como sou da geração que amava os Beatles e os Rolling Stones – na verdade, amava mais os Beatles do que os Rolling Stones –, talvez possa lhes contar um tantinho o que foi o aparecimento de Lennon, Paul, Ringo e George para os jovens de então e, de resto, para toda a Humanidade.
Uma explosão de vida, cores e sons que veio a partir daí…
A cada nova música, a cada novo disco, a cada notícia, a revelação que a tanto ansiávamos: Existíamos!
Era nossa hora de mudar o mundo com nossos sonhos e canções.
A utopia em nossas mãos.
Até com as versões que os grupos daqui faziam eram divertidas.
Renato e Seus Blues Caps não perdiam uma.
“Menina linda eu te adorooo… hã
Menina pura como a flor … Ouououou…
Sua boneca vai quebrar… ahahahahah
Mas viverá o nosso amor
O nosso amor”
Para mim havia um motivo mais do que especial para amar os Beatles.
Acho até que já lhes contei em post anterior.
Naquele início dos anos 60, eles livraram a mim e a todos os jovens de cabelos lisos e finos da tirania do topete, consagrada por Elvis alguns anos antes, à base de gumex e brilhantina – os precursores do gel.
Tinha onze, doze anos e perdia um tempão em frente ao espelho, para deixar o penteado nos conformes.
Bastava, porém, por o pé na rua e, à primeira brisa, o cabelo desabava.
Com o corte franjinha e à la tigela que os Beatles consagraram, meus caros, eu fiquei naturalmente na moda.