Ri como de há muito não ria na tarde de domingo.
Sabe aquela risada descontrolada que nos afoga em situações cerimoniosas e não conseguimos controlar?
Em sala de aula, em reuniões protocolares, diante de desconhecidos.
Aquela que surpreende o apresentador do telejornal na hora menos adequada.
Pois é…
Esta mesmo.
Um desatino.
Foi assim que ri como há tempos não ria.
Lembro que, garoto ainda, não podia ver o Golias dos bons tempos da Família Trapo que me desmanchava em gargalhadas.
Chorava de tanto rir.
Meu pai, o Velho Aldo, com sua generosidade de calabrês, era definitivo em seu comentário:
— Não sei quem é mais patzzo. Ele, com as caretas e essa piada sem graça. Ou você que se esborracha de tanto rir?
Quanto mais o pai falava, mais eu ria.
Incontrolável.
— Mas, tu sei patzzo mesmo, dizia e dava lá suas risadas.
Memorável a personagem de Golias, o eterno Carlos Bronco Dinossauro.
O autor do feito no domingo foi um comediante novato, desconhecido, de nome Firmeza. Ele participou de um concurso no Programa do Faustão em que o riso da platéia era medido por um aparelho chamado “risódromo”.
O garoto nem foi até o final.
A engenhoca o desclassificou no meio de um dos causos que contava. Mesmo assim, eu não parava de rir da piada anterior.
Bem antiguinha, por sinal.
Narrava um episódio que, disse, aconteceu com ele dias atrás.
Ao chegar numa praça de São Paulo, lá estava o senhor de terno a falar umas palavras bonitas para uma roda de pessoas, todas muito sérias. Assim que se acochambrou por ali, o Firmeza ouviu a seguinte indagação feita pelo homem:
— Que atire a primeira pedra quem nunca errou!
Ele não teve dúvidas. Pegou um tijolo e mandou ver.
A vítima até tentou se defender com o livro de capa preta que trazia nas mãos.
Mas, a pedrada foi inevitável.
Todos se indignaram.
Assim que se recuperou da cacetada, o senhor veio em sua direção e lhe fez outra indagação.
— O que aconteceu, irmão? Vai me dizer que você nunca errou?
E a resposta foi mais direta do que a tijolada:
— Desta distância, não!!!
Ri de soluçar dessa bobagem. Ri sozinho. Na sala de estar da casa de uns amigos, todos “crentes”, como se dizia antigamente.
Meu pai tinha razão.
Sou patzzo mesmo.
* FOTO NO BLOG: Camila Bevilacqua