Deixo a trama de Woody Allen que passa neste começo de madrugada na TV e venho para o computador.
Já vi Match Point algumas vezes – e o acho bárbaro.
Entendam a definição em todos os sentidos que a palavra sugere.
Gostaria de revê-lo novamente, por que não?
Além da trama intensa, repleta de suspense a emoldurar o perigoso jogo do amor e da ambição, há ainda Scarlett Johansson, lindíssima (que novidade!) no papel da sensual Nola, atriz iniciante que não consegue fazer sua carreira decolar.
Seria um motivo a mais para ficar por ali.
No entanto, me bateu uma baita covardia e desisti de acompanhar o desfecho do filme. Que é genial, mas, digamos, não politicamente correto.
Me senti desconfortável diante da telinha. Uma espécie de cúmplice de toda aquela tramóia.
Como de hábito, Allen é caustico – e duramente realista – ao tratar da nossa miserável condição humana.
Nesta produção, ele põe em relevo o quanto a sorte é fundamental na vida de cada um. Aliás, em uma das tantas entrevistas que li do cineasta, nunca esqueci uma das declarações que deu neste sentido.
Disse lá – não exatamente com essas palavras – que a sorte existe e determina o sucesso e o fracasso de cada um de nós. Preferimos não acreditar nisso por diversos motivos. Um deles é o de imaginarmos que temos algum controle sobre a vida – o que Allen considera um grande equívoco. O outro é o de nos entendermos melhor do que realmente somos.
Faço essas divagações ao meu filho que acaba de chegar e ele, inspirado talvez pelo cansaço de um dia e uma noite de trabalho, põe fim ao papo e a todas as minhas inquietações existenciais, com apenas uma frase/raquetada:
— Tudo isso só porque a mocinha morre no final…