Quando Milton Nascimento e Chico Buarque reuniram-se para compor a dolente “O Cio da Terra” corria o ano santo de 1976.
Há que se explicar “o santo”?
Sobrevivemos ao Brasil da repressão e da tortura, do arrocho econômico e social, da censura implacável.
A canção nasceu deste propósito: semear o novo tempo, onde nos fartássemos de pão, nos lambuzássemos de mel e, fundamentalmente, tivessem voz e vez os desejos da terra.
“Cio da Terra, a propícia estação.”
Milton e Chico fizeram um dueto inesquecível ao cantá-la. Mas, a versão definitiva só aconteceu em meados dos anos 80, justamente quando raiava o novo tempo da democracia.
Seus intérpretes: Pena Branca e Xavantinho.
A dupla atendeu ao convite de Milton para acompanhá-lo em uma apresentação.
Foi o que bastou para que a canção ocupasse espaço de destaque no repertório dos cantadores – e o Brasil urbano reverenciasse o talento dos irmãos Ramiro, amplamente conhecido pelos cafundós do País, onde atuavam desde 1962.
Em 1990, veio o reconhecimento da crítica especializada. A dupla recebeu o Prêmio Sharp em duas categorias: a melhor música (“Casa de Barro”) escrita por Xavantinho e o melhor disco (“Cantando do Mundo Afora”).
O irmão Xavantinho morreu em 1999.
Ontem, foi a vez de Pena Branca viajar fora do combinado e se transformar em desmedida saudade…
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