“Quem quiser saber meu nome, não precisa perguntar.
Sou Martinho, lá da vila, partideiro devagar.
Quem quiser falar comigo, não precisa procurar.
Vá aonde tiver samba, que eu devo estar por lá."
(Quem é do Mar Não Enjoa)
Martinho José Ferreira completa hoje 72 anos.
Ele trocou a patente de cabo do exército para ser um renomado sambista ainda nos idos de 60. Defendeu “Casa de Bamba” no Festival da Record, de 1967 – e nunca mais saiu de cena – e lá se vão 43 anos.
No Carnaval deste ano, o generoso coração do partideiro viverá momento único, extraordinário.
Ele é o autor do samba “Noël – a Presença do Poeta da Vila”, que vai embalar os passistas da sua mais do que querida Escola de Samba Unidos de Vila Izabel.
O enredo trata do centenário de nascimento de Noël Rosa.
Entrevistei Martinho por muitos anos, especialmente durante os anos 70 e 80.
A cada novo disco, lá estava eu em meio a dezenas de repórteres para as concorridas coletivas, tão comuns à época.
Teve um ano que não pude ir ao lançamento.
Acho que foi em 1986 quando ele veio a São Paulo ‘trabalhar’ o disco “Batuqueiro”.
O encontro com os repórteres aconteceu justo no dia em que ‘fechávamos’ uma edição mais alentada do jornal – e não pude deixar a Redação.
Outro repórter foi em meu lugar.
Horas depois, quando voltou da coletiva, o jovem tinha uma expressão apatetada de quem via em mim uma celebridade.
Sem na dizer, entregou-me um elepê autografado, presente de Martinho, com o seguinte recado:
“Rodolfo, cadê você?”
Fiquei todo prosa.
Já era fã do cara. Passei a gostar mais ainda.
** Foto: reprodução