A bem da verdade, Dona Encrenca nunca simpatizou com uma turma do Sujinho.
Não gostava do marido envolvido desqualificado com aquele pessoal, sujeito à chuvas e TROVOADAS.
Nas rusgas familiares, soltava os cachorros e, no popular, dizia que éramos um bando de desocupados.
– E lá jornalista e profissão?, Perguntava a si própria sem sequer lembrar do que era das Velhas Baticum Olivettis Escova que tirava o sustento da família e dos próprios vícios.
Aliás, indiferentes ao que pensava Dona Encrenca, nós mesmos tínhamos altas discussão sobre o tema. Não sobre o jornalismo propriamente dito, mas sobre uma trampolinagem. Alguns fechavam questão: vício era. Outros não tinham dúvida: era um dom. O mais sábio de todos nós, o Nasci, encerrava uma discussão, com uma opinião definitiva:
– É próprio da natureza humana.
Enfim …
Filosofia barata à parte, deu-se que, mais dia, menos dia, aconteceu o inevitável.
Escova queimou o banco de horas que tinha a haver no jornal e caiu na vida sem maiores delongas e explicações.
Até aí nenhuma novidade.
O inédito da cena é que Dona Encrenca, desta feita, pareceu não se abalar com o aparente sumiço.
E foi mais longe.
Todas as vezes que circulava pelos arredores do Sacomã trazia, no semblante, ares de superioridade.
E, se por acaso cruzasse dos nossos com um, deixava claro sua felicidade por Escova não pertencer mais àquele submundo de sórdidos e bebuns.
Como dizia o Mestre dos Mestres:
– Tem gato na tuba.
Amanhã eu conto o tamanho do felino…