Foi impressão minha ou ontem deu um tilti em diversos setores da chamada crônica esportiva?
Alguns coleguinhas estavam pra lá de indignados com os selecionáveis que Dunga anunciou com pompas e circunstâncias em entrevista coletiva mais do que concorrida. Houve quem ‘sapateasse’ nas letrinhas. Outros queriam enforcar o técnico com o fio do microfone. Óbvio que o Casseta e Planeta não deixou por menos – e desfio uma após outra diversas piadas de última hora. Até o Arnaldo Jabor chamou Dunga às falas na coluna que tem no Jornal da Noite.
Cheguei até a me surpreender com o tom, diria, algo desrespeitoso das críticas.
Olhem que sou veterano de outras tantas convocações.
Ainda garoto, lembro-me da comoção pública pelos cortes de Roberto Dias e Benê, jogadores do São Paulo, sumariamente rifados da Mundial de 62 no Chile. Em 66, os jovens e talentosos Carlos Alberto Torres (Fluminense) e Djalma Dias (América) foram preteridos por veteranos bicampeões mundiais. No México, em 70, foi aquele furdúncio até que Zagallo desse a titularidade a Roberto Rivelino, craque do Corinthians. Quatro anos depois, na Alemanha, o mesmo Zagallo esqueceu-se de Ademir da Guia entre os reservas que viam os jogos da tribuna.
Para a Copa da Argentina, em 1978, o técnico Cláudio Coutinho não levou Paulo Roberto Falcão, então nosso mais completo jogador. Uma espécie de Paulo Henrique Ganso melhorado – e por duas vezes campeão brasileiro. Na sempre citada seleção de 82, Telê Santana confiava em Valdir Peres e abriu mão da experiência de três copas de Emerson Leão, goleiro do Grêmio campeão brasileiro de 81.
O mesmo Telê cortou Renato Gaúcho por indisciplina em 86 no célebre episódio que culminou com o pedido de dispensa do lateral Leandro em pleno aeroporto, enquanto aguardavam o voo para Alemanha.
O corintiano Neto foi o nome esquecido por Sebastião Lazzaroni na Copa da Itália, em 90. Quem se recorda da pressão por Romário na Copa de 94. Só no último jogo da fase eliminatório o Baixinho foi convocado por Zagallo e Parreira. Resultado: vencemos o Uruguai com um gol antológico e, depois, fomos campeões nos pênaltis na Copa dos Estados Unidos.
Em 2002, a grita foi geral por Romário. Mas, o gaúcho Felipão deu de ombros – e também fomos campões com Ronaldo e Rivaldo.
Em 98 e 2006, tudo parecia estar nos conformes. Só que a maionese desandou por motivos outros: a misteriosa convulsão de Ronaldo a poucas horas da final contra a anfitriã, França, e o fiasco do Quadrado Mágico, de Parreira, tão saudado pela crítica que fez água e se dissolveu em outros líquidos, fuzarcas e baladas.
** FOTO NO BLOG: Lucas Lima