Como fui parar na Bratislava?
Não me pergunte. Diria que são coisas do destino – e dessas excursões que você contrata sem ler o que diz aquele roteiro de letrinhas miúdas que lhe entregam na agência de viagem.
A proposta era conhecer Praga, Budapeste e Viena em programação básica de 10 dias.
(Para quem tinha uma semana de recesso, em pleno mês de abril, até que estava bom demais.)
No bojo dessa rota, e com o auxílio luxuoso do tal vulcão, eis que na manhã daquela quarta-feira ensolarada – e, por lá, primaveril, aportamos nas pequenas e encantadoras ruas da Capital da Eslováquia.
Vínhamos de Budapeste. Em nosso grupo, recheados de brasileiros e argentinos em cordial convivência pré Copa do Mundo, alguns estavam a caminho de Varsóvia. Outros, como este modesto escriba, só queria saber o que é que Viena tem.
Ali, o grupo se dissolveria e esperaríamos por novos guias e novos parceiros de viagem.
Enfim, nada a fazer se não perder-se pelo que chamam de Centro Velho, tomar o proverbial expresso em uma cafeteria de tempos idos, ouvir as histórias das lutas entre a França e o Império Austro Húngaro, ver uma gente de semblante resignado e algo surpreso por nos ver ali, com o Danúbio a emoldurar todo aquele cenário.
Foi mesmo uma bela e agradável surpresa.
Não guardei nome de ruas, de praças, dos museus, da torre imensa que dá limite à área histórica.
Guardei apenas o silêncio e a reverência de todos ao visitarmos a área onde antes existia o bairro judeu. No lugar antes ocupado pela sinagoga hoje existe um viaduto, construído pelos comunistas após a Segunda Grande Guerra.
Em frente ao pontilhão, uma escultura de ferro retorcido e escuro, encimada por uma estrela de Davi a lembrar a tragédia do holocausto. Que nunca em minha vida se fez tão dolorida e tão presente.
** FOTO NO BLOG: Bratislava/arquivo pessoal